Título: OPOSIÇÃO CRITICA INDICAÇÃO DE TARSO
Autor: Carolina Brígido
Fonte: O Globo, 11/01/2006, O País, p. 12

Para tucano, ex-ministro não terá isenção para julgar casos do governo no STF

BRASÍLIA. Depois de provocar pesadas críticas de entidades que representam os juízes, a hipótese de o ex-ministro e ex-presidente do PT Tarso Genro ser indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para uma cadeira no Supremo Tribunal Federal ontem virou polêmica também no Congresso. O líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), disse não confiar na isenção de Tarso para julgar fatos relativos ao governo Lula. Ele lembrou ainda da fragilidade do governo no Senado, que precisa aprovar qualquer indicação ao Supremo:

- Já avisei: não mandem a indicação porque não passa aqui.

Aldo diz que preconceito contra Tarso é imperdoável

O presidente da Câmara, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) atacou as críticas da oposição.

- O ex-ministro é uma pessoa íntegra, proba e de reconhecido saber jurídico. A indicação dele ou não é um assunto que cabe ao presidente e ao Senado. Agora, agir de forma preconceituosa é imperdoável.

O presidente do PFL, Jorge Bornhausen (SC), disse que prefere esperar a posição oficial do governo:

- Se somos contra a partidarização do STF, não precisamos da fulanização. Esperamos que o presidente, orientado pelo ministro da Justiça, apresente nomes com notável saber jurídico e isentos de filiação partidária.

O líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS), afirmou em nota que, "ao contrário do que muitos dizem", Tarso não está em campanha para ser indicado, e garantiu que o ex-ministro atende aos requisitos constitucionais exigidos para o cargo de ministro do STF: notável saber jurídico e reputação ilibada.

"Impugnar preventivamente, por questões políticas e ideológicas, o nome de Tarso é uma atitude típica de interdição dos procedimentos constitucionais históricos e legítimos que norteiam o processo de escolha de ministros do STF".