Título: ACORDO UNE VALE E PETROBRAS EM MOÇAMBIQUE
Autor: Juliana Rangel
Fonte: O Globo, 11/01/2006, Economia, p. 26

Gigantes brasileiras estudam projeto para gerar, produzir e explorar conjuntamente gás natural no país africano

As duas maiores empresas do Brasil - Petrobras e Companhia Vale do Rio Doce - assinaram ontem um memorando de entendimentos para avaliar investimentos em conjunto nas áreas de exploração, produção e geração de gás natural em Moçambique. A atuação de cada uma ainda não foi decidida, mas esta poderá ser a primeira incursão da Vale na exploração e na produção do hidrocarboneto, disse o presidente da companhia, Roger Agnelli:

- Evidentemente, a Vale do Rio Doce gostaria de estudar com a Petrobras até mesmo uma participação no transporte ou na produção do gás. Veremos o potencial, a viabilidade deste projeto e o tipo de esforço que cada uma das empresas estará pronta a fazer.

Segundo ele, uma das alternativas é a criação de uma empresa em Moçambique para a exploração de gás, na qual a Vale poderá ter participação. A mineradora já atua no país africano desde dezembro de 2004, quando venceu uma concorrência para a compra de uma mina de carvão em Moatize, na região central, por cerca de US$128 milhões. A mina tem um depósito estimado em 2,4 bilhões de toneladas.

Empresas têm forte presença no continente africano

O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, disse que as empresas farão estudos geológicos e sísmicos na região e que não descartam uma negociação direta com o governo local para a concessão das áreas de interesse, sem a necessidade de licitações:

- Como toda área exploratória inicial, sempre há possibilidade de estímulos e de negociação direta do governo com potenciais investidores.

Segundo o executivo, a Petrobras chegou a fazer estudos na região há cerca de 15 anos, mas, na época, a empresa achou que o desenvolvimento da produção não era viável comercialmente, em parte devido aos preços do gás natural. Atualmente, apenas uma empresa estrangeira, a sul-africana Sasol, produz gás natural em dois campos de Moçambique. O país conta com um gasoduto de 900 quilômetros que transporta este gás para a África do Sul.

A Vale tem um amplo projeto de investimentos em Moçambique. A empresa estuda a construção de uma usina térmica para aproveitar o carvão produzido em Moatize, com potencial de geração de 1.500 megawatts, que poderá ser feita em parceria e custará em torno de US$1,5 bilhão.

Além disso, pretende assumir parte da construção e a operação de uma ferrovia de mil quilômetros para levar o carvão de Moatize até o porto de Nacala. A Vale estuda ainda a construção de uma outra usina térmica movida a gás, vinculada à parceria com a Petrobras. A segunda alternativa seria o uso deste gás para o processamento do minério de ferro para fazer pelota e aço.

Agnelli disse que a idéia da parceria surgiu a partir de um convite da ministra de Energia de Moçambique, Esperança Bias, para que empresas brasileiras atuassem no setor de gás no país. Na África, a Vale também estuda oportunidades nas áreas de gás, cobre, potássio e fosfato em Angola. Já a Petrobras tem presença em Angola, Nigéria, Guiné e Líbia.

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