Título: BB muda ações de marketing após escândalo
Autor: Bernardo de la Peña
Fonte: O Globo, 12/01/2006, O País, p. 8

Além de Pizzolato, dez funcionários foram levados a deixar cargos por desvios de conduta; setor sofre reformulação

BRASÍLIA. Seis meses depois da saída do ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, em meio a denúncias de envolvimento com o empresário Marcos Valério de Souza, o Departamento de Marketing do maior banco do país, que no ano passado teve um orçamento de R$300 milhões, está concluindo um processo de reestruturação que prevê mais controle sobre os gastos na área de publicidade, promoções e patrocínios.

Como uma das ações do pacote de 12 medidas, o diretor de Marketing do BB, Paulo Rogério Caffarelli, que assumiu em julho, vai reduzir os gastos do setor em 20%. Dos 125 funcionários da diretoria de marketing, dez deixaram o banco. Parte deles afastada pelo que a diretoria do BB classificou de desvios de conduta.

- Estamos em meio ao processo de apuração de responsabilidades - disse o diretor de marketing, que evitou dar mais detalhes sobre o assunto.

De 15 gerentes, apenas três permaneceram no cargo

No processo de reorganização, entre os 15 gerentes, apenas três permaneceram em seus cargos. Os outros trocaram de departamento ou foram remanejados. Dos seis gerentes-executivos, que ficam diretamente subordinados ao diretor, apenas dois permaneceram.

O BB também está renegociando os patrocínios na área esportiva, que consumiram R$40 milhões em 2005.

- Nós nos damos ao direito de avaliar a performance dos atletas que o banco patrocina - afirmou o diretor.

Normas e procedimentos da diretoria também foram revistos. Após rescindir contrato com a DNA Propaganda, agência de Valério, o BB ficou com duas agências e até o fim de março pretende concluir a licitação para contratar outras duas. O processo está sendo conduzido diretamente pelo Departamento de Logística. Os pagamentos referentes aos gastos da área de marketing também passarão a ser feitos por outro setor, que vai conferir se os serviços foram prestados e a sua qualidade.

A idéia com a contratação das novas agências é não encomendar todos os serviços de produção de peças publicitárias e de brindes. No caso dos produtos padronizados, o banco poderá fazer encomendas diretamente aos fornecedores. Já para a produção de peças publicitárias, por exemplo, quando as agências são obrigadas a apresentar pelo menos três orçamentos ao BB, a diretoria de Logística ficará responsável por aprovar o levantamento de custos.

Os eventos que eram contratados por intermédio das agências também não serão mais feitos desta forma. O BB pretende usar a BBTur, subsidiária do banco, para realizar os eventos de pequeno e médio porte e fazer uma licitação para contratar quatro empresas que atuam especificamente na área.

Os três centros culturais do Banco do Brasil também terão de reduzir os seus custos - no ano passado foram R$32 milhões - em 30% em 2006. O banco contratou ainda uma empresa para auditar se os preços dos eventos culturais patrocinados pelo BB correspondem aos de mercado.

Legenda da foto: PIZZOLATO: SAÍDA de ex-diretor causou mudanças no setor de marketing