Título: Prioridade externa
Autor: Ilimar Franco
Fonte: O Globo, 13/01/2006, O País, p. 2

A agenda de viagens internacionais do presidente Lula demonstra que a política externa continuará sendo uma prioridade do governo no ano eleitoral. Sem descuidar das negociações na Organização Mundial de Comércio, das relações bilaterais com os Estados Unidos e com a União Européia, para o governo o grande desafio é acelerar o processo de integração dos países sul-americanos.

Nos próximos dias, os presidentes dos países da América do Sul vão indicar delegados para participar de um grupo de trabalho que vai propor um cronograma e um modelo de formação da Comunidade de Países Sul-Americanos. O grupo terá que sugerir a criação de espaços institucionais que vão moldar a cooperação econômica do continente. Entre as propostas já em andamento estão a de promover a integração da infra-estrutura e a criação de um banco regional de investimentos.

Ao mesmo tempo, o governo brasileiro pretende fortalecer o Mercosul. O espaço de livre comércio formado pelo Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai promoverá a integração plena da Venezuela. Além disso, os entendimentos com a Bolívia vêm de longa data, sendo que a grande novidade será o ingresso do Equador no Mercosul. Neste contexto, cada vez mais, para a diplomacia brasileira, fortalecer o Mercosul como um espaço de livre comércio significa caminhar em busca da integração de toda a América do Sul. As condições para a ampliação do Mercosul estão sendo criadas pela crise na Comunidade Andina desde que a Colômbia e o Peru assinaram acordos, como já fizera o Chile, com os Estados Unidos.

A formação deste pólo, assim como a Missão de Paz no Haiti, é considerada estratégica para que o Brasil atinja seus objetivos: integrar o Conselho de Segurança da ONU e negociar em melhores condições a criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). O cacife político do Brasil, decorrente de sua histórica postura de agregação e negociação, também cresce em decorrência dos governos, de forte conteúdo nacional-populista, na Venezuela de Hugo Chávez e agora na Bolívia de Evo Morales. Os Estados Unidos contam cada vez mais com o Brasil para atuar na região. Isso ficou claro na recente visita do subsecretário para as Américas do Departamento de Estado, Thomas Shanon. O Brasil já faz a mediação dos americanos com Chávez. Agora eles querem o Brasil fazendo o meio-de-campo com Evo Morales.

O governo brasileiro não pretende brigar com os Estados Unidos por causa do veto à exportação do avião Super Tucano à Venezuela. Só o fará se isto for do interesse da Embraer.

Rigotto busca apoio dos governadores

Correndo atrás do ex-governador Anthony Garotinho na disputa pela candidatura do PMDB à Presidência da República, o governador Germano Rigotto (RS) quer garantir o apoio dos governadores. Daqui até quarta-feira, quando registra sua candidatura às prévias, Rigotto terá conversas com os governadores Jarbas Vasconcelos (PE), Eduardo Braga (AM), Marcelo Miranda (TO) e Paulo Hartung (ES). Sua estratégia eleitoral é fechar o apoio em cima da expectativa de que os caciques garantam os votos da base.

Nestes encontros, Rigotto bate na mesma tecla: seus índices nas pesquisas de intenções de voto são baixos, porque não é conhecido, mas em compensação não tem rejeição. Ele acredita que poderá ser a grande novidade das eleições e que sua candidatura não será um peso para ser carregada pelos candidatos do partido aos governos estaduais. Seus aliados dizem ainda que com Rigotto, o PMDB não corre o risco de ter sua candidatura alvejada mortalmente por denúncias, como ocorreu com o PFL nas eleições de 2002.

De molho

O presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), anda sofrendo muito de dores nas costas. Ele tem problema em duas hérnias de disco na coluna. Normalmente, a recomendação médica seria de uma cirurgia. Mas por causa das eleições, Aldo terá que suportar as dores até o final do ano. Nos próximos meses fará um tratamento conservador para reduzir as dores e suportar o ritmo da campanha pela reeleição.

Rombo

Os barnabés petistas nomeados para cargos de confiança no governo Lula estão dando um calote no PT. A esmagadora maioria não fez as contribuições previstas pelas normas do partido nos últimos três anos. O PT deixou de arrecadar mais de R$40 milhões, de acordo com um integrante da executiva. Todos serão chamados pela tesouraria do partido, mas quem não pagar não perderá seu emprego no governo.

DEPOIS de três anos de muita austeridade para sanear as finanças do estado, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), tem R$5 bilhões em caixa para investir durante o ano em que disputará a reeleição.

VIDA DE candidato não é fácil. Ontem, o ministro de Relações Institucionais, Jaques Wagner, caminhou debaixo de sol escaldante os oito quilômetros do cortejo até as escadarias da Igreja do Senhor do Bonfim, em Salvador. No final do ato religioso correu para o aeroporto e às 17h30m estava reunido no Palácio do Planalto com o presidente Lula.

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