Título: UM POLÊMICO E ATUANTE LÍDER DE ESQUERDA
Autor: Evandro Éboli/Alan Gripp
Fonte: O Globo, 13/01/2006, O País, p. 3

João Herrmann Neto travou árdua disputa com Roberto Freire pelo comando do PPS

BRASÍLIA. Sempre polêmico, o deputado João Herrmann Neto foi um dos mais atuantes líderes de esquerda dos movimentos de resistência na ditadura militar. Ele era do grupo de Ulysses Guimarães no antigo MDB, e depois no PMDB. É lembrado pelo presidente do PPS, Roberto Freire (PE), com quem protagonizou uma árdua disputa interna no partido, como um combatente na luta de resistência, sempre militando em partidos do campo democrático.

Engenheiro agrônomo por formação, Herrmann Neto começou sua militância política como prefeito de Piracicaba, em 1977, pelo ainda MDB. Depois, foi um atuante deputado constituinte. Com o fim da ditadura, filiou-se ao antigo Partido Comunista Brasileiro (PCB). Em 1990, foi membro da comissão bipartite PSB/PCB para fusão dos partidos de esquerda no Brasil.

Quando o PCB mudou de nome para PPS, Herrmann foi um dos primeiros a se integrar ao novo partido, em 1991. Estava sem mandato desde aquele ano e só voltaria à Câmara em 1999 pelo PPS, onde teve um papel importante nos primeiros anos.

Depois presidiu a Comissão Organizadora Regional do PPS, foi vice-presidente do Diretório Nacional do PPS, líder do PPS na Câmara, e em 2002, líder do bloco PDT/PPS.

No PPS, Herrmann lançou-se de corpo e alma na campanha de Ciro Gomes à Presidência da República em 2001. Seu confronto com a direção do partido começou aí. Depois, com a derrota de Ciro, passou a apoiar a campanha de Lula.

Após a eleição do presidente petista, a disputa com Freire se acirrou. Ele aliou-se a Ciro Gomes e comandou uma dissidência interna, brigando contra as decisões partidárias para defender os interesses do governo Lula.

Em 2004, um mês antes da ruptura do PPS com o governo Lula, Herrmann Neto saiu do PPS, já que o conselho de ética do partido estava para concluir um processo que levaria à sua expulsão. Ele se filiou então ao PDT e Ciro Gomes foi para o PSB. Os dois passaram a integrar a linha de frente do governo Lula.

- A relação dele com o governo Lula começou a ficar muito estranha. Queria inchar o partido a qualquer preço. Queria ser base do governo a qualquer custo. Era incrível a subordinação dele ao governo. Agora essas coisas começam a clarear - diz Roberto Freire.

Legenda da foto: HERRMANN COM GENOINO na Câmara: adesão à campanha de Lula