Título: VARIG GANHA MAIS PROTEÇÃO DA JUSTIÇA EM NY
Autor: Helena Celestino e Erica Ribeiro
Fonte: O Globo, 13/01/2006, Economia, p. 27

Empresa quita dívida de US$ 56 milhões com empresas de 'leasing' e fica livre de cobranças até 17 de março

NOVA YORK e RIO. Com a dívida de US$56 milhões integralmente paga às empresas de leasing de aviões, a Varig recebeu ontem tratamento VIP no Tribunal de Falência do Distrito Sul de Nova York. Atendendo à solicitação da empresa, o juiz Robert Drain prorrogou até 21 de março a liminar para garantir que aviões não serão apreendidos por causa de dívidas geradas antes de 17 de junho de 2005 - data em que a empresa teve de pedir proteção da nova lei de falências.

Drain também marcou para 17 de março uma audiência para a Varig apresentar o plano de recuperação da companhia, o mesmo que deverá ser aprovado pelos credores no Brasil, já com os ajustes previstos, em 31 de janeiro.

-- Agora estamos voando em céu de brigadeiro -- exagerou o presidente da Varig, Marcelo Bottini.

Pela primeira vez, a Varig não precisou pedir ao juiz prazo maior para saldar dívidas e anunciou que já recuperara a capacidade de pagar em dia o aluguel das aeronaves. Por isso, a nova liminar não a protege de arresto de aviões em caso de não pagamento dos contratos de leasing a partir de agora. A Varig também escapou das violentas acusações de canibalização de aviões parados por falta de dinheiro para repor peças e disse que investiu US$5,7 milhões em dezembro para recuperar a frota. A companhia está voando com 62 aviões, no fim deste mês serão 66 e até junho, 75.

-- Não tenho qualquer reclamação a fazer, e olha que é raro isso acontecer comigo --disse Shelton Solo, um dos mais duros advogados das empresas de leasing nas audiências anteriores.

Segundo um advogado da Varig, a empresa não está mais "desesperadamente precisando de investidores". Os advogados informaram a Drain que a subsidiária VarigLog foi vendida ao fundo americano Matlin Patterson, e que a Varig Engenharia e Manutenção (VEM) ficou mesmo com a Aero-LB, grupo liderado pela portuguesa TAP. A Volo Brasil, que representa o Matlin Patterson, pagou US$48,2 milhões, dos quais US$45,6 milhões serão transferidos à Aero-LB. Em novembro, a Aero-LB adquiriu as duas subsidiárias por US$62 milhões, com financiamento do BNDES, em um plano emergencial para ajudar a Varig a pagar dívidas. Depois, as subsidiárias foram novamente a leilão. Os valores serão pagos após a aprovação do Departamento de Aviação Civil (DAC).

-- Ganhamos mais US$10 milhões do que o previsto com a venda -- disse Bottini.

Segundo ele, TAP e Matlin Patterson continuam sendo potenciais investidores, inclusive em associação, e está mantida a intenção da empresa portuguesa de aplicar US$500 milhões na Varig.

A BR Distribuidora informou que negocia com a Varig um novo contrato de longo prazo para o fornecimento de combustível. O contrato anterior, que expirou em 31 de dezembro, dava à Varig suprimento para dez dias, com valores em torno de R$40 milhões. Com o fim do contrato, a Varig passou a pagar o combustível diariamente.

Em reunião no início da semana entre o presidente da BR, Rodolfo Landim, e Bottini, ficou acertado que o fornecimento de combustível seria por meio de recebíveis de cartões de crédito, que estavam em poder da estatal como garantia. Segundo a BR, a Varig pagou este mês R$13 milhões em recebíveis e desembolsará R$25 milhões amanhã. A BR liberou à Varig os recebíveis que detinha além desse valor.

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inclui quadro: a cronologia da crise