Título: AÇÕES EM CITÉ SOLEIL SE INTENSIFICAM
Autor: Eliane Oliveira/Helena Celestino
Fonte: O Globo, 13/01/2006, O Mundo, p. 30

Moradores acusam tropas da ONU de matar inocentes

PORTO PRÍNCIPE. Várias pessoas morreram e outras ficaram feridas em razão das últimas operações militares da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah) contra grupos armados no bairro de Cité Soleil, em Porto Príncipe. Embora não tenham sido divulgadas informações oficiais, repórteres de agências internacionais relataram a presença de cadáveres nas ruas e hospitais registraram o atendimento de pessoas feridas a bala.

Indagado sobre essa operação, o Comando do Exército, em Brasília, não se manifestou e se limitou a informar que não houve registro de problemas com soldados brasileiros no Haiti. No entanto, há algumas semanas Cité Soleil se encontra sob pressão militar do batalhão jordaniano, responsável pela segurança da área da favela, e esporadicamente também pelo batalhão do Brasil, que atua numa área vizinha. A favela é o único local da capital ainda sob o domínio de grupos armados e, ao que tudo indica, as tropas de paz tentariam tomar o controle definitivo da área nos próximos dias.

Cité Soleil, onde vivem cerca de 300 mil pessoas, é considerado o lugar mais perigoso da capital e refúgio de diversos grupos armados. Segundo os moradores, no entanto, os soldados da ONU teriam matado inocentes.

Fabíola, uma jovem haitiana vizinha de Cité Soleil, chorava desconsolada diante do cadáver de seu bebê de poucos meses, segundo ela "assassinado pela Minustah".

- Eu estava sentada com o bebê e tudo aconteceu muito depressa, estava assustada e, nem sei como ocorreu, mas quando me dei conta o bebê tinha um tiro na cabeça, havia morrido - contou uma amiga de Fabíola, que cuidava do bebê enquanto sua mãe estava fora de casa.