Título: TAP ADMITE TER TIDO PREJUÍZO EM 2005
Autor: Erica Ribeiro
Fonte: O Globo, 14/01/2006, Economia, p. 29
Custo dos combustíveis leva empresa aérea a rever projeções de expansão
LISBOA e RIO. A TAP ¿ que esta semana concluiu a compra da Varig Engenharia e Manutenção (VEM), subsidiária da Varig ¿ admitiu ontem que, ao contrário do que havia anunciado anteriormente, deverá fechar o balanço de 2005 no vermelho. De acordo com o principal executivo da companhia aérea portuguesa, Fernando Pinto, o aumento das receitas não deverá cobrir os custos com a escalada dos preços dos combustíveis.
A TAP previa fechar o balanço financeiro do ano passado com um lucro de cerca de 14 milhões de euros (US$16,94 milhões), contra 8,6 milhões de euros (US$10,4 milhões) em 2004. No primeiro semestre de 2005, a TAP registrou um prejuízo de 44 milhões de euros (US$53,24 milhões), contra perdas de 35 milhões de euros (US$42,35 milhões) do mesmo período de 2004.
¿ Minha expectativa para os resultados é negativa, tanto em termos das nossas estimativas como em relação a lucros. Admito a hipótese (de que o resultado líquido) não seja positivo ¿ disse Pinto.
Ele estima que após a compra da VEM o faturamento da área de manutenção da TAP tenha no início uma expansão de 7% ao ano. Atualmente, o faturamento da unidade de manutenção da TAP ronda os 200 milhões de euros (US$242 milhões), enquanto o da VEM é de cerca de 165 milhões de euros (US$200 milhões).
O executivo reafirmou ainda o interesse da TAP em continuar a acompanhar de perto o processo de reestruturação da Varig, uma companhia que considera estratégica para a TAP no mercado brasileiro e na América Latina. Segundo ele, a aquisição da VEM representa um marco na história da TAP porque assinala o início da internacionalização da divisão de manutenção.
Integração entre TAP e VEM começa já na segunda-feira
Profissionais da equipe técnica da área de manutenção da TAP desembarcam nesta segunda-feira, no Rio, para iniciar o processo de integração entre a estatal portuguesa e a VEM, que agora pertence à empresa Aero-LB, liderada pela TAP, com a participação de investidores brasileiros e de Macau. O administrador da TAP responsável pela área de manutenção, Jorge Sobral, vai presidir o Conselho de Administração da VEM, que também será formado por Michael Conolly, diretor-financeiro da TAP, pelo atual presidente da VEM, o brasileiro Evandro Oliveira, e ainda por dois outros representantes a serem indicados pela Aero-LB.
O processo de integração das duas empresas deve durar aproximadamente seis meses. No período, será feito o levantamento de todos os procedimentos da VEM. A TAP ficou com a empresa de manutenção da Varig e o fundo americano Matlin Patterson, com a VarigLog, em uma operação de US$72 milhões, em que a empresa aérea portuguesa receberá de volta, via Aero-LB, US$48,2 milhões.
Em novembro, a TAP adquiriu as ações das duas subsidiárias por US$62 milhões, em um plano emergencial para pagamento de dívidas da Varig. A operação com o Matlin Patterson foi oficialmente divulgada na quarta-feira e deverá ser concluída até 31 de janeiro.