Título: JUIZ QUE PRESIDE CASO SADDAM PODE RENUNCIAR
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Fonte: O Globo, 14/01/2006, O Mundo, p. 31
Magistrado curdo estaria sob pressão por causa da dificuldade do julgamento do ex-ditador
SULAIMANIYA, Iraque. O principal juiz no julgamento de Saddam Hussein planeja deixar o caso, segundo uma fonte próxima ao magistrado. Se isso se confirmar, a renúncia do curdo Rizgar Amin pode prejudicar ainda mais o andamento de um julgamento já abalado pelo assassinato de dois advogados de defesa.
¿ Ele quer sair ¿ assegurou a fonte, dizendo que o magistrado deverá presidir a próxima audiência do julgamento no dia 24 de janeiro e depois anunciar as razões de sua retirada.
Amin estaria sob pressão de um julgamento extremamente difícil, argumentou a fonte. Funcionários do tribunal não confirmaram a notícia.
General americano diz que violência vai continuar
Amin não seria o primeiro a deixar o julgamento. Um dos cinco juízes do painel encarregado de julgar Saddam e alguns de seus principais cúmplices já saiu do caso alegando conflito de interesses: um dos réus teria sido responsável pela morte de um parente do magistrado.
Apesar do precedente, Amin, de 48 anos, é o rosto mais conhecido do julgamento, que começou em 19 de outubro. Ele é um dos dois magistrados que exibem a face costumeiramente no tribunal, sem temor de represálias de partidários do ex-ditador.
Em novembro, Amin disse à agência Reuters que sua família estava preocupada com ele, que andava acompanhado por dois guarda-costas. Mas o magistrado ressaltou:
¿ Um juiz nunca deve ter medo porque ele defende a justiça e a lei.
Ontem, dois militares americanos morreram na queda de um helicóptero no norte do país aparentemente derrubado por insurgentes. Preparando-se para voltar aos Estados Unidos, o número 2 do comando militar americano no Iraque, tenente-general John Vines, disse que o país deverá continuar enfrentando um alto grau de violência. Segundo ele, a formação de um governo que inclua as principais facções é fundamental para reduzir o banho de sangue. Ele afirmou, no entanto, que a sucursal iraquiana da al-Qaeda está cada vez menos operante.