Título: A reeleição de Lula
Autor: Ilimar Franco
Fonte: O Globo, 15/01/2006, O GLOBO, p. 2

Os tucanos foram advertidos pelo cientista político Antonio Lavareda que o presidente Lula não está fora do jogo. Um dirigente do PMDB ouviu do presidente do Ibope, Carlos Augusto Montenegro, que Lula não é um candidato previamente derrotado. Essa também é a percepção dos principais conselheiros do presidente, que só esperam a crise política se esgotar para tentar virar o jogo.

Os assessores mais próximos do presidente da República reconhecem que o momento é adverso. Mas avaliam que, diante de todo o desgaste do governo Lula e considerando o recall do prefeito José Serra, candidato derrotado em 2002, não é assustador o fato de o tucano ter pouco mais de um terço nas pesquisas de intenções de voto.

¿ O governo é muito melhor do que aparece ¿ diz o assessor para assuntos internacionais do presidente, Marco Aurélio Garcia.

A estratégia da campanha da reeleição está em fase de definição. Mas algumas coisas estão decididas. O governo fará um esforço nos próximos meses para mostrar o resultado de suas ações administrativas. Ao mesmo tempo que tentará mostrar que, apesar da imagem que se tem do governo, a gestão Lula promoveu mudanças relevantes no país. O secretário-geral da Presidência, Luiz Dulci, diz que o governo petista produziu uma nova equação econômica e social. O ministro diz que a gestão Lula mostrou que é possível investir pesado na distribuição de renda, com programas como o Bolsa Família, a agricultura familiar e o crédito consignado, sem abrir mão da seriedade e da austeridade na condução da política econômica.

Dulci argumenta também que o atual governo rompeu uma velha dicotomia, a da incompatibilidade entre desenvolver o comércio exterior e fortalecer o mercado interno. Na sua avaliação, o governo teria conseguido as duas coisas. Fortaleceu o mercado interno com as políticas sociais, principalmente o crédito consignado, que injetou R$31 bilhões na economia, sem provocar inflação. E, ao mesmo tempo, realizou uma política de incremento das exportações.

Mas o presidente e seus auxiliares dizem que prestar contas não basta. Será preciso superar o desencanto, resgatar a esperança e oferecer um futuro melhor. Acreditam que chegam lá com a promessa de acelerar o crescimento, de ampliar os programas de distribuição de renda e propondo políticas para atender os setores médios da sociedade brasileira.