Título: LESTE DA EUROPA PREVÊ UM CRESCIMENTO RECORDE
Autor: Graça Magalhães-Ruether
Fonte: O Globo, 15/01/2006, Economia, p. 33

Países que entraram para União Européia em 2004 esperam crescer este ano até 6%, o triplo da média do bloco

BERLIM. Após os primeiros meses de dificuldades, resultantes do processo de ajuste, os países do Leste da Europa que ingressaram em 2004 na União Européia (UE) entraram em nova fase de otimismo, com expectativa de crescimento econômico de até 6%. A projeção é bem acima da esperada para os antigos membros do bloco: 2% para este ano.

Os campeões em previsão de expansão são a República Tcheca, que espera crescer até 6% em 2006; a Eslováquia, 5,6%; Hungria, 4,5%, e Polônia, com previsão de 4%.

A Eslováquia ¿ que até o fim do comunismo formava com a República Tcheca um país único, a Tchecoslováquia ¿ começou, como os outros novos membros do bloco, a tirar proveito das possibilidades abertas com o ingresso na UE, em maio de 2004. Entre as vantagens estão a ajuda de infra-estrutura e o mercado aberto para as exportações do país.

O banco central de Bratislava vê o comércio exterior como o maior motor de crescimento da República Tcheca, Eslováquia, Hungria e Polônia. Na Eslováquia, apenas os novos investimentos das empresas Peugeot-Citroën e Hyundai/KIa, que abriram fábricas no país, ajudaram em mais de 3% na taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto das riquezas produzidas no país) em 2005, disse Petr Dufek, do Banco de Comércio de Praga.

Da desintegração da Tchecoslováquia até 1998, a Eslováquia viveu, na verdade, uma era de estagnação econômica e isolamento. Depois começou a melhorar, com a expectativa de ingresso na UE, mas até 2003 o país tinha a menor taxa de crescimento dos novos membros.

Foi com a reforma fiscal radical introduzida em 2004 por seu primeiro-ministro, Mikulas Dzurinda, que a economia do país entrou em fase de desenvolvimento. A reforma transformou as diferentes taxas de impostos em taxa única de 19%, a ser paga independentemente do nível de renda e acabou com quase todos os subsídios.

Reformas semelhantes em outros países do Leste da Europa fizeram da região uma das mais atraentes para os investidores internacionais. Segundo o ¿Wall Street Journal¿, a Eslováquia é ¿um paraíso para os investidores¿.

O banco alemão Sal. Oppenheim acaba de abrir uma filial em Praga, tentando tirar proveito do clima de otimismo que existe também em Praga, Budapeste e Varsóvia. Segundo um estudo do banco, o poder aquisitivo explodiu em toda a região. Hoje, apenas na República Tcheca já existem 11 mil milionários (com patrimônio acima de um milhão de euros).

Na Polônia, onde a economia tem sofrido nos últimos anos em conseqüência de vários casos de corrupção de políticos, o novo governo do partido ¿Lei e justiça¿ quer fazer a economia do país apta ao euro até o ano de 2009. O partido, que é liderado por Jaroslaw Kaczynski, foi o mais votado nas eleições parlamentares, tendo indicado o primeiro-ministro Kazimierz Marcinkiewicz. Elegeu também o presidente, Lech Kaczynski, irmão gêmeo de Jaroslaw.