Título: A diferença seria uma maior sensibilidade social¿
Autor: Renato Galeno
Fonte: O Globo, 15/01/2006, O Mundo, p. 37

Para o analista Guillermo Hosman, a votação abaixo da esperada da socialista Michelle Bachelet no primeiro turno provocou grandes mudanças na campanha, voltando a atenção para as diferentes correntes da Concertação. Para ele, um governo Bachelet teria mais sensibilidade social.

Depois de conseguir menos de 46% dos votos no primeiro turno, abaixo do que a Concertação esperava, Michelle Bachelet teve que alterar muito a sua campanha no segundo turno?

GUILLERMO HOSMAN: A Bachelet do segundo turno se concentrou em aumentar a amabilidade de seu discurso. O foco foi concentrado em setores como gênero, com uma campanha muito voltada para as mulheres. Outro foco foram as populações pobres. Claro, houve uma moderação estratégica para evitar confrontos dentro da coalizão do governo e de sua candidatura. Ela tentou não entrar em choque com a democracia-cristã. Nem todos os votos de Tomás Hirsch (candidato da coligação de esquerda que teve 5% dos votos no primeiro turno) irão para Bachelet, mas pela primeira vez parcela importante dos eleitores comunistas votarão nela.

Um governo Bachelet seria mais de esquerda do que é o governo Lagos?

HOSMAN: Sim. Provavelmente a maior diferença seria uma maior sensibilidade social. Sem com isso criar confrontos, tentando aproveitar o momento bom da economia do país.

Caso Piñera surpreenda e vença o segundo turno, como seria seu governo?

HOSMAN: Seria voltado para uma maior eficiência do Estado. Os grandes problemas do Chile hoje são saúde, educação e pobreza. Um dos grandes objetivos seria a cooperação comercial, pois 60% do Produto Interno Bruto hoje no Chile vem de exportações. (Renato Galeno)