Título: CPI descobre mais R$4,1 milhões da Visanet repassados ao PT por Valério
Autor: Bernardo de La Peña
Fonte: O Globo, 16/01/2006, O País, p. 4

Comissão investiga se dinheiro é outra fonte de recursos do valerioduto

BRASÍLIA. A CPI dos Correios descobriu que R$4,1 milhões saíram de contas bancárias abastecidas pela Visanet e foram transferidos para o PT pela SMP&B, agência de publicidade de Marcos Valério de Souza, em forma de empréstimo. Agora, a CPI quer saber se esse dinheiro é parte dos R$55 milhões já declarados por Valério como empréstimos ao PT ou se é outra fonte de recurso que alimentou o valerioduto, esquema de pagamento a políticos aliados ao governo Lula.

A CPI chegou a este novo valor cruzando dados da contabilidade das empresas de Valério e saques no valor de R$6,4 milhões feitos pela DNA Propaganda, também do empresário, na conta do Banco do Brasil. O rastreamento feito por técnicos da CPI mostra que esses recursos vieram da conta abastecida pela Visanet. Nos registros contábeis das empresas de Valério constatou-se que ao menos R$4,150 milhões foram declarados como ¿empréstimos ao PT¿.

¿Há fortes suspeitas de que há mais dinheiro envolvido¿

Para o relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), outra fonte de recursos, além dos empréstimos feitos pelos dois bancos mineiros, irrigou o esquema:

¿ Se Valério deu como fontes de recursos os bancos Rural e BMG, esse dinheiro que ele caracterizou como empréstimo da SMP&B ao PT é outra fonte de recursos. Retrocedendo nos fatos, você chega à Visanet. Ele (Valério) próprio classificou os saques como distribuição dos lucros da conta Visanet. Há forte suspeita de que estes repasses mostrem que houve mais dinheiro envolvido.

Segundo ele, os técnicos fizeram o rastreamento do caminho do dinheiro de trás para frente e chegaram à Visanet. Os saques em espécie foram feitos entre 7 de outubro de 2003 e 24 de maio de 2005 e registrados pelos contadores de Valério como ¿distribuição de lucros¿.

O total de R$6,4 milhões foi retirado da conta no BB em dinheiro ou transferido para o Rural e sacado no mesmo dia ou no dia seguinte. Daí, os técnicos da CPI acreditam que foi repassado ao esquema por Valério e pelo ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares. Na contabilidade das empresas de Valério, porém, o dinheiro passou de uma empresa para outra até ser registrado como empréstimo ao PT.

Nos registros financeiros da DNA, titular da conta bancária e na época uma das agências de publicidade do BB, os saques foram registrados como empréstimos à Graffiti e à SMP&B ou como distribuição de lucros. Nos livros da Graffiti e da SMP&B, os recursos foram contabilizados como se estivessem em caixa. O normal, segundo os técnicos, seria que o dinheiro fosse transferido eletronicamente ou por de cheques depositados nas contas dos sócios da DNA.

A operação foi considerada incomum pelos técnicos porque não faz sentido manter tais valores no cofre. Depois, o dinheiro teria saído do caixa da Graffiti e voltado à DNA, que o repassou à SMP&B. Esta registrou o dinheiro como empréstimo ao PT.