Título: CPI: ULTIMATO PARA CEF ROMPER COM GTECH
Autor: Evandro Éboli e Isabel Braga
Fonte: O Globo, 17/01/2006, O País, p. 4

Relatório pedirá indiciamento de Ademirson Ariovaldo da Silva, assessor de Palocci

BRASÍLIA. O primeiro relatório da CPI dos Bingos no Senado, que será divulgado amanhã, dará um ultimato para que a Caixa Econômica Federal (CEF) quebre o monopólio de processamento das loterias no país. Até hoje o serviço continua concentrado nas mãos da multinacional Gtech, investigada desde 2004 pela suspeita de ter pago propina para renovar o contrato de R$650 milhões, que termina em maio deste ano.

O documento pedirá que o processamento das loterias seja desmembrado em pelo menos cinco novos contratos, com a realização de concorrências públicas separadas.

Decreto legislativo para estipular fim do monopólio

Diretores da Caixa que prestaram depoimento à CPI disseram que a estatal já trabalha para desmembrar os serviços. Mas a idéia da comissão é estipular um prazo para que isso aconteça, o que deve ser feito através de um decreto legislativo proposto pela própria CPI e votado pelo Congresso. Um levantamento do Tribunal de Contas da União (TCU), citado no relatório da comissão, revela que a Caixa teve prejuízo de R$433 milhões em sete anos de contrato com a Gtech (1997 a 2004) e conclui que a estatal ficou refém da multinacional.

O relator da CPI, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), disse que o relatório, que será lido na sessão de amanhã da comissão, pede o indiciamento de 35 pessoas pelo suposto envolvimento na renovação do contrato da Caixa com a Gtech. O documento conclui que há fortes indícios de que o negócio foi fechado mediante pagamento de propina.

A CPI pedirá o indiciamento, entre outros, de Ademirson Ariovaldo da Silva, atual assessor do ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Segundo Garibaldi, a participação dele está indicada pela quebra do sigilo telefônico de outros envolvidos. Os dados mostram que Ademirson fez e recebeu mais de 2.300 ligações para ex-assessores de Palocci acusados de cobrar propina da Gtech, boa parte no período em que o contrato foi fechado, em abril de 2003.

Pesadelo do governo, a CPI vai utilizar todo o seu prazo, até 25 de abril, e pode ser prorrogada, segundo o presidente da comissão, senador Efraim Morais (PFL-PB). Ele admite até abrir novas frentes de investigação.

¿ Não dizem que essa é a CPI do Fim do Mundo (apelido dado à comissão pelo grande número de casos investigados)? Então, por que não abrir novas investigações, se for o caso?

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