Título: Herrmann terá de explicar depósitos à Corregedoria Geral da Câmara
Autor: Evandro Éboli e Isabel Braga
Fonte: O Globo, 17/01/2006, O País, p. 4

Deputado pode ter que enfrentar processo no Conselho de Ética da Casa

BRASÍLIA. Acusado pela CPI dos Correios de ter recebido depósitos mensais da empresa Beta Transporte Aéreo durante dois anos, o deputado João Herrmann Neto (PDT-SP) vai ter que prestar contas à Corregedoria Geral da Câmara. O presidente da Casa, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), enviou ao corregedor-geral, Ciro Nogueira (PP-PI), a denúncia contra Herrmann. A movimentação financeira da Beta revelou que o parlamentar recebeu, durante dois anos, cerca de R$3 mil mensais da empresa, entre 2003 e 2005.

Caberá ao corregedor elaborar relatório sobre o caso pedindo abertura de processo no Conselho de Ética ou o arquivamento. Ontem, Herrmann procurou Aldo na reunião de líderes. Quem testemunhou o encontro afirmou que o deputado estava nervoso e constrangido. Ele pediu ao presidente da Câmara pressa na tramitação de seu caso.

Deputado entrega recibos para justificar despesas

Herrmann entregou ao presidente vários recibos, nos quais tenta provar que não há irregularidade no recebimento do dinheiro. Ele alegou que recebeu os recursos da Beta porque dividia a despesa de um carro com o presidente da empresa.

O deputado também divulgou nota. ¿Transmiti também ao senhor presidente a minha angústia para que pudéssemos dar uma solução a mais rápida possível a este assunto para que eu pudesse dar satisfação cabal à sociedade¿.

Processo não será rápido

Mas o processo não será tão rápido assim. Logo que o corregedor receber a denúncia, Herrmann terá o prazo de cinco sessões para apresentar sua defesa. Depois, o corregedor encaminhará à Mesa Diretora um parecer sobre a denúncia. A Mesa, então, decidirá se encaminha ou não ao Conselho de Ética para que seja aberto processo por quebra de decoro parlamentar contra o deputado paulista.

Herrmann também pediu audiência ao deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), sub-relator da CPI dos Correios. ¿Desejo dar conta de todos os atos praticados pelo meu mandato, que, afirmo, nunca foram para benefícios privados de quem quer que seja¿, afirmou. O parlamentar ainda disse que a denúncia, enquanto não for apurada, tira-lhe ¿o brilho de viver¿.