Título: SALÁRIOS NA INDÚSTRIA CAEM PELO 3º MÊS SEGUIDO
Autor: Luciana Rodrigues
Fonte: O Globo, 18/01/2006, Economia, p. 21

De agosto a novembro, rendimentos recuaram 3,7%, informou IBGE. Emprego teve queda de 0,6% mês retrasado

Pelo terceiro mês seguido, os salários dos trabalhadores na indústria recuaram em novembro de 2005 e, desde agosto, a folha salarial do setor já acumula perdas de 3,7%, informou ontem o IBGE. Afetado pelos fracos resultados da indústria ¿ em novembro, a produção cresceu 0,6% frente ao mês anterior, na série com ajuste sazonal, depois de uma alta de apenas 0,2% em outubro ¿ o mercado de trabalho no setor amargou um corte de 0,6% nos seus postos de trabalho no mês retrasado.

¿ Na média dos últimos meses, o nível de emprego ficou estável. Mas, assim como na produção, as taxas acumuladas em 12 meses têm crescido a um ritmo menor ¿ explicou André Macedo, economista do IBGE.

Até outubro, o emprego industrial crescia a uma taxa de 1,9% em 12 meses. Em novembro, essa taxa recuou para 1,5%. No ano de 2005, até novembro, o emprego cresceu 1,2%. E a comparação entre o mês retrasado e novembro de 2004 mostra queda de 0,9%.

No Rio, o emprego caiu 0,7% em novembro, frente a outubro. Os salários subiram 5,8%.

Número de horas pagas cresceu 1,3% em novembro

Na avaliação do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), a queda do emprego industrial é reflexo dos juros altos praticados pelo Banco Central desde o fim de 2004: ¿Em um contexto de extrema rigidez na condução de política monetária, as expectativas empresariais sofreram os golpes do fraco ritmo de crescimento das vendas, da desaceleração do crédito e do pouco progresso no rendimento médio da população¿, diz o Iedi em relatório divulgado ontem.

Mas a queda do emprego na indústria pode estar perto do fim. O IBGE constatou que o número de horas pagas ¿ que costuma ser um indicador que antecede as contratações, já que as indústrias ampliam a jornada de seus funcionários antes de chamar novos empregados ¿ cresceu 1,3% frente a outubro, já com ajuste sazonal.

¿ Essa expansão nas horas pagas veio depois de uma queda de 0,6% em outubro. E é reflexo da reação, ainda que modesta, da produção industrial em novembro ¿ afirmou André Macedo, do IBGE.

Em São Paulo, vagas criadas foram de 20% o total de 2004

Na indústria paulista, o nível de emprego fechou 2005 com alta de 0,97% frente a 2004, divulgou ontem o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp). Ao todo, no ano passado, foram abertas 18.112 vagas, apenas 20% do total de postos criados em 2004. Para o empresário Boris Tabacof, diretor do Ciesp, 2005 foi um ano desperdiçado:

¿ Infelizmente, a expectativa de declínio acelerado do emprego a partir de outubro se confirmou. O emprego é reflexo geral da economia em 2005. Foi um ano desperdiçado.

Entre as razões para o baixo crescimento do emprego, o empresário destacou os juros altos e o câmbio desfavorável para as exportações. Apenas em dezembro, foram fechados 18.420 postos de trabalho, o que representou uma queda de 0,96%. Foi o pior desempenho mensal desde novembro de 2001.

COLABOROU: Fabiana Parajara, do Globo Online