Título: EMPRESÁRIOS DE TURISMO COMPRAM A WEBJET
Autor: Erica Ribeiro
Fonte: O Globo, 18/01/2006, Economia, p. 22

Empresa que iniciou operações em julho de 2005, com apenas um avião, suspendeu atividades no fim do ano

Empresários do setor de turismo e de transporte rodoviário de passageiros são os novos donos da companhia aérea WebJet. Rogério Ottoni, que presidia a companhia, e outros investidores venderam a participação para o Grupo Águia (dono, entre outras marcas, da Stella Barros Turismo), para Jacob Barata Filho, um dos donos da operadora de turismo Urbi et Orbi e da empresa de ônibus Expresso Guanabara, e para um fundo de capital de risco, que já tinha participação na empresa aérea. O valor da operação não foi divulgado.

Em nota divulgada ontem, os novos controladores da WebJet afirmaram que a companhia vai continuar atuando no segmento de vôos regulares e também investirá em fretamentos.

Enquanto os sócios não decidem a nova composição da diretoria, a empresa será presidida interinamente por José Geraldo Souza Pinto, irmão do presidente da companhia aérea portuguesa TAP e ex-presidente da Varig, Fernando Pinto. A TAP acabou de comprar a Varig Engenharia e Manutenção (VEM) e pode participar do capital da Varig. José Geraldo já atuava na WebJet como diretor de Operações. Ele passou pela Varig nos anos 90, quando exerceu o cargo de piloto-chefe da empresa.

A novata do mercado brasileiro de aviação iniciou suas operações em julho do ano passado como uma empresa low cost, low fare (baixo custo, baixa tarifa). Mas a WebJet não teve fôlego e suspendeu seus vôos em dezembro, autorizada pelo Departamento de Aviação Civil (DAC), por dificuldades provocadas pela baixa taxa de ocupação do único avião que tem, um Boeing 737-200. O DAC deu 180 dias para a empresa voltar a voar.

O peso das concorrentes Gol, Varig e TAM também foi motivo, segundo a diretoria da empresa, para as dificuldades enfrentadas, já que, logo que a WebJet começou a vender passagens, as demais companhias ofereceram descontos de até 80% nas mesmas rotas operadas: Rio, São Paulo, Brasília e Porto Alegre.

A WebJet estreou abrindo portas para pilotos e comissários de bordo de empresas como a Vasp. Quando começou a operar, a companhia tinha 24 comissários e 12 pilotos, e sua meta era voar para as principais capitais brasileiras até o fim de 2005.

Para o analista Alexandre Garcia, da corretora Ágora Senior, os gestores da companhia podem ter interpretado mal a demanda do mercado, levando em conta apenas o preço. Segundo ele, para ser mais competitiva a companhia precisa entrar em rotas rentáveis, como a ponte aérea Rio-São Paulo.

¿ A rota Rio-São Paulo é uma das mais procuradas e é fundamental para a operação de uma empresa aérea. Além disso, a WebJet precisava investir no aumento da freqüência de vôos e ter mais aviões. Foram erros estratégicos que certamente contribuíram para acelerar os problemas que culminaram com a suspensão dos vôos em dezembro ¿ acrescentou Garcia.