Título: BOLÍVIA QUER ELEVAR PREÇO DO GÁS VENDIDO AO BRASIL
Autor: Eliane Oliveira e Janaina Figueiredo
Fonte: O Globo, 18/01/2006, Economia, p. 23
Lula, Chávez e Kirchner discutem gasoduto
BUENOS AIRES e BRASÍLIA. O presidente eleito da Bolívia, Evo Morales, confirmou ontem em Buenos Aires a intenção de seu futuro governo de aumentar o preço do gás exportado para Brasil e Argentina. Após se reunir com o presidente argentino, Néstor Kirchner, Morales, que toma posse no próximo dia 22, disse que o assunto será analisado por seu gabinete a partir da semana que vem.
¿ Queremos aumentar nossas exportações (de gás) e temos muito interesse em aumentar os preços. Analisaremos (o assunto) quando o gabinete começar a trabalhar ¿ disse Morales. ¿ Não é possível que o povo boliviano tenha o gás em seu solo mas não possa ter acesso ao gás.
Semana passada, os assessores de Morales afirmaram que a Bolívia não exportará mais gás para a Argentina a ¿preço solidário¿. O vice-presidente eleito, Alvaro García Linera, disse que o preço pago pela Argentina subiria de US$2 por BTU (Unidade Térmica Britânica, usada para medir o volume de gás) para US$3,25. Nos mercados internacionais, o preço hoje é de US$9.
A construção de um gasoduto de 8 mil quilômetros ligando Brasil, Venezuela e Argentina será o principal tema de uma reunião entre Luiz Inácio Lula da Silva, Hugo Chávez e Kirchner amanhã, no Palácio do Planalto. Um dos empecilhos ao empreendimento, avaliado em US$17 bilhões, é a distribuição dos encargos, ou seja, quanto cada país dará. A Venezuela tem as maiores reservas de gás do continente, superando a Bolívia. (Janaína Figueiredo, correspondente, e Eliane Oliveira)