Título: HAITI: ANNAN INDICA NOVO CHEFE MILITAR
Autor: Helena Chagas
Fonte: O Globo, 18/01/2006, O Mundo, p. 28

Secretário-geral da ONU escolhe general Elito para substituir Urano Bacellar

BRASÍLIA e NOVA YORK. A ONU indicou ontem o general José Elito Carvalho Siqueira para assumir o comando da força de paz no Haiti. A escolha foi confirmada pelo Ministério das Relações Exteriores.

Segundo o Itamaraty, o secretário-Geral das Nações Unidas, Kofi Annan, reuniu-se com Elito em Nova York e formalizou o convite para que assuma o cargo deixado pelo general Urano Bacellar, que se suicidou na capital do Haiti.

General-de-divisão, Elito nasceu em Aracaju e ingressou nas Forças Armadas em 1966. Desde 2004 estava no comando da 6ª Região Militar, em Salvador. Segunda-feira, foi submetido a uma sabatina na ONU. Seu nome e o do general Jeannot Jansen foram submetidos pelo governo brasileiro às Nações Unidas.

Ex-assessor do presidente Fernando Henrique

A escolha de Elito já fora anunciada pelo Itamaraty antes da sabatina, o que provocara mal-estar entre militares. Eles resistiam a confirmar a indicação e anunciaram que dois nomes seriam enviados para apreciação da ONU. O Ministério das Relações Exteriores insistia, no entanto, que Elito já tinha sido aprovado pelos países integrantes da força de paz no Haiti.

Elito foi diretor de Recursos Humanos do Exército, comandante da Aviação do Exército e chefe da segurança do presidente Fernando Henrique Cardoso.

¿A decisão do secretário-geral Kofi Annan de convidar o general Elito para exercer o comando da força confirma o apreço da ONU pela contribuição brasileira à missão¿ , disse o Itamaraty.

Na sede da ONU, em Nova York, o clima era de suspense.

¿ Fizemos uma recomendação ao secretário-geral, que decidiu ele mesmo se envolver nessa decisão ¿ disse o diretor do Departamento de Missões para a Manutenção da Paz, Jean-Marie Guehennot.

A praxe é o secretário-geral aceitar a indicação do grupo técnico, que entrevistou Elito e Jansen. Eles responderam a perguntas sobre estratégia militar e estruturação das forças, explicando como agiriam diante de situações descritas pelos técnicos da ONU. Também foram questionados sobre experiências políticas e domínio de idiomas.

¿ As entrevistas foram conduzidas por mim e pelo general de três estrelas que é assessor militar das atividades de manutenção da paz, no momento um indiano. Discutimos a carreira do candidato e sua experiência profissional, sua aptidão para comandar e resolver situações difíceis ¿ disse Guehennot.

Annan pediu ao governo provisório do Haiti que condene publicamente a campanha contra a missão da ONU, advertindo que ela pode ser uma ameaça à segurança das tropas e às eleições em 7 de fevereiro.

Em Brasília, o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência recebeu o laudo conclusivo do Instituto de Medicina Legal de Brasília sobre a morte do general Bacellar. O texto confirma a versão de suicídio.