Título: Relatório livra Professor Luizinho da cassação
Autor: Evandro Éboli
Fonte: O Globo, 19/01/2006, O País, p. 9

Deputado do PP vai argumentar que petista não teve participação direta na captação do dinheiro do valerioduto

BRASÍLIA. Relator do processo contra o deputado Professor Luizinho (PT-SP), Pedro Canedo (PP-GO) concluiu no início da noite de ontem seu relatório, a ser apresentado hoje no Conselho de Ética, que não vai pedir a cassação do ex-líder do governo na Câmara. O petista é acusado de receber R$20 mil do esquema do empresário Marcos Valério na campanha de 2004. O relator deverá pedir o arquivamento do caso ou, no máximo, recomendar uma pena alternativa, como suspensão do mandato por um mês ou uma advertência verbal.

Para não pedir a cassação do mandato de Luizinho, Canedo alegará que ele não teve participação direta na captação do dinheiro, que foi pedido por um funcionário de seu gabinete diretamente ao então tesoureiro do diretório nacional do PT, Delúbio Soares. O assessor de Luizinho atuava como militante petista em São Paulo.

O relator foi um dos dois integrantes do Conselho de Ética que votaram pela absolvição, em dezembro, do deputado Romeu Queiroz (PTB-MG), acusado de receber R$450 mil de Marcos Valério. Ele entraria em contradição se, agora, condenasse um outro parlamentar que recebeu bem menos que o valor destinado a Queiroz, segundo comentou com amigos.

Professor Luizinho já esperava por um parecer favorável do relator, mas prefere aguardar a apresentação no Conselho e a votação.

Relator pede cassação do deputado Roberto Brant

Também será apresentado hoje, em outra sessão do Conselho, o relatório do deputado Nelson Trad (PMDB-MS) pedindo a cassação do mandato do deputado Roberto Brant (PFL-MG). O parlamentar mineiro recebeu cerca de R$102 mil da empresa Usiminas e não declarou os recursos à Justiça Eleitoral. O dinheiro foi destinado para sua campanha à Prefeitura de Belo Horizonte, em 2004.

Brant disse no conselho que usou o recurso para pagar gastos de propaganda eleitoral partidária antes do início da campanha, o que, segundo ele, não caracterizaria caixa dois. O argumento não convenceu o relator.

Brant, que foi ministro da Previdência no governo Fernando Henrique Cardoso, anunciou, quando depôs no Conselho de Ética, que vai abandonar a vida pública e não disputará a eleição este ano, caso seja absolvido pelo plenário da Câmara. Depois da absolvição de Queiroz, a absolvição de Brant é dada como certa. Ele tem boa relação com deputados de todos os partidos.