Título: BANCADA PREFERE ALCKMIN
Autor: Ilimar Franco, Gerson i, Maria Lima e Isabel Braga
Fonte: O Globo, 20/01/2006, O País, p. 3

Entre deputados e senadores do PSDB, governador tem 11 votos de vantagem sobre Serra

Amaioria dos parlamentares do PSDB prefere o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, na disputa com o prefeito José Serra pela indicação para concorrer à Presidência. Enquete realizada com 64 deputados e senadores pelo GLOBO esta semana deu a Alckmin 33 votos, contra 22 de Serra, que é o tucano mais bem colocado nas pesquisas de opinião .

O resultado da enquete revela a profundidade da divisão e da indefinição que dominou o PSDB nas últimas semanas, desde que Alckmin resolveu assumir a pré-candidatura.

Alckmin foi escolhido o melhor candidato por 27 deputados e seis senadores numa enquete com voto secreto em urna fechada. Votaram 64 dos 68 parlamentares do partido.

¿ O candidato do PSDB vai ser escolhido de forma consensual. O problema é que os dois candidatos são muito bons. A partir de agora, vamos estabelecer os critérios da escolha ¿ disse o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), que não votou, alegando que isso poderia atrapalhar o processo de escolha.

Além de Tasso, dois deputados não quiseram votar ¿ Itamar Serpa (RJ) e Walter Barelli (SP) ¿ e o deputado Carlos Sampaio (SP) estava no exterior, em missão oficial da CPI dos Correios. Serra é o preferido de 22 parlamentares ¿ 17 deputados e cinco senadores.

¿ Não vou votar porque considero que o resultado vai contribuir para aprofundar a cizânia entre nós ¿ disse Barelli.

¿O PSDB é que pode derrubar o PSDB¿

Na enquete, cinco parlamentares, três na Câmara e dois no Senado, anularam o voto ao marcarem xis ao lado dos dois candidatos. Quatro tucanos, três na Câmara e um no Senado, votaram em branco. Os parlamentares votaram numa cédula na qual, além de optar por um dos candidatos, opinaram sobre a data e a forma da escolha. Os votos foram depositados em urnas para que não fossem identificados.

Mesmo com a garantia do sigilo, muitos relutaram em votar, num indício do quanto está sendo dramático decidir quem enfrentará Lula nas urnas. O deputado Paulo Feijó (RJ) não queria votar, dizendo precisar do apoio de ambos, e só concordou depois que a urna estava cheia. Essa também foi a preocupação da deputada Zulaiê Cobra (SP), que manifestou a intenção de anular seu voto.

¿ O PSDB está numa situação muito boa. Mas temos que tomar cuidado, pois quem pode derrubar o PSDB é o próprio PSDB ¿ afirmou o senador Antero Paes de Barros (MT).

A opção por Alckmin contradiz a avaliação de cientistas políticos de que os candidatos à Câmara dos Deputados têm preferência por um presidenciável com maiores chances de desempenho melhor no primeiro turno, quando o mandato deles está sendo decidido e a eleição é influenciada pela campanha presidencial. Serra seria o mais adequado, segundo todas as pesquisas de intenção de voto.

Mesmo com desempenho inferior ao de Serra nas pesquisas, Alckmin foi avaliado pelos parlamentares tucanos como a melhor alternativa eleitoral para o partido. João Campos (GO) argumentou que Serra deveria ser o candidato se o partido não tivesse outras opções. Mas disse que não se justifica o fato de não concluir seu mandato na Prefeitura de São Paulo se o partido tem outro candidato também competitivo.

Alguns tucanos reclamaram da ausência na cédula do nome do governador de Minas, Aécio Neves. E não foi uma queixa só dos mineiros.

¿ Outros nomes podem ser incluídos, tem o Tasso e o Aécio. É preciso ampliar a base das alianças ¿ disse o deputado Anivaldo Vale (PA).