Título: Relator muda voto e pede cassação de Luizinho
Autor: Maria Lima e Evandro Éboli
Fonte: O Globo, 20/01/2006, O País, p. 13

Canedo, do PP, recuou após intensa pressão; relatório de Nelson Trad também pede perda do mandato de Roberto Brant

BRASÍLIA. Sob intensa pressão, inclusive de integrantes do Conselho de Ética, o deputado Pedro Canedo (PP-GO) recuou, mudou seu voto e pediu a cassação do mandato do Professor Luizinho (PT-SP). Ele já estava com o voto pronto pela absolvição, mas na última hora alterou seu parecer radicalmente. Especulou-se até que ele pediria uma pena alternativa para Luizinho.

Parlamentares do Conselho, como o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), disseram a Canedo que ele estaria arruinado politicamente se absolvesse Luizinho. Anteontem à noite, num canto do plenário, o presidente do Conselho de Ética, Ricardo Izar (PTB-SP), tentava convencê-lo a não optar por uma pena alternativa, como a advertência.

O próprio Canedo vinha afirmando que sofria pressões até de desembargador. Ele leu um relatório todo montado com a defesa, que indicava a absolvição. Mas seu voto foi frontalmente contrário, pela procedência da acusação de que Luizinho mentiu e se beneficiou dos R$20 mil do valerioduto sacados por seu ex-assessor José Nilson dos Santos.

Roberto Brant: ¿Meu feeling é que serei absolvido¿

De manhã, o relator Nelson Trad (PMDB-MS) apresentou voto pedindo a cassação de Roberto Brant (PFL-MG), acusado de receber R$102 mil do valerioduto. Deputados do PFL pediram vista e o processo será votada na terça-feira. Brant disse estar confiante na sua absolvição ainda no Conselho de Ética. Pelas contas feitas por integrantes do órgão, pode ocorrer um empate em 7 a 7. Se isso ocorrer, Izar dará o voto de desempate.

¿ Estou tranqüilo. O meu feeling é que serei absolvido. Se não for aqui, será no plenário, que tem um conceito próprio a meu respeito ¿ disse Brant

Ao pedir a cassação de Luizinho, Canedo se contradiz. Ele foi um dos dois parlamentares que votaram, no Conselho, a favor da absolvição de Romeu Queiroz (PTB-MG), que sacou do valerioduto R$452 mil. Angela Guadagnin (PT-SP) pediu vista e o processo será votado semana que vem. Enquanto Canedo lia o relatório, Luizinho parecia descontraído. Mas ficou nervoso e rezou quando o voto foi lido.

¿ Estou estarrecido! O voto contradiz o relatório. Foi uma pressão absurda, ele mudou o relatório. É uma arbitrariedade, uma violência! Cada caso é um caso. Não se pode dar a mesma pena de morte a quem bate carteira e a quem assassina uma pessoa! ¿ protestou Luizinho.

Indagado se era o batedor de carteira, tentou se explicar:

¿ Não, não, quem passa na rua pode ser confundido, fui confundido.

Canedo admitiu a pressão. Mas decidiu-se pela cassação porque Luizinho, para ele, intermediou o saque feito pelo assessor, que só muito tempo depois demitiu. E tentou justificar o voto a favor de Romeu Queiroz.

¿ Luizinho cometeu o ilícito e só poderia pedir a cassação. Ele mentiu e quebrou o decoro. O Romeu não mentiu nem tentou enganar o conselho.