Título: CONSELHO APROVA A CASSAÇÃO DE WANDERVAL
Autor: Evandro Éboli
Fonte: O Globo, 21/01/2006, O País, p. 8

Deputado do PL é acusado pelo relator Chico Alencar (PT) de terceirizar seu mandato para o bispo Rodrigues

BRASÍLIA. O Conselho de Ética da Câmara aprovou ontem, por 10 votos a três, o pedido de cassação do mandato do deputado Wanderval Santos (PL-SP), acusado de envolvimento no esquema do mensalão. Desde o início do julgamento dos envolvidos no valerioduto, Wanderval é o quarto parlamentar que tem o pedido de cassação aprovado pelo órgão. Ele disse que irá recorrer da decisão à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e ao Supremo Tribunal Federal.

Com os recursos, o processo só deve ser votado no plenário em duas semanas. Será o primeiro depois da absolvição de Romeu Queiroz (PTB-MG) ¿ condição que todos os cassáveis tentavam evitar, diante da pressão por mais punições.

José Carlos Araújo (PL-BA), aliado de Wanderval, apresentou voto em separado no qual pedia a troca da cassação pela suspensão do mandato por um mês. Seu parecer sequer foi votado. Amigo do acusado, Edmar Moreira (PFL-MG) votou contra a cassação. Josias Quintal (PSB-RJ) também rejeitou o parecer de Chico Alencar (PSOL-RJ), relator do processo.

Única representante do PT no conselho, Ângela Guadagnin (SP) votou contra a cassação. Até agora, ela votou a favor da cassação apenas de Roberto Jefferson (PTB-RJ). A petista negou que haja um acordão para salvar os mandatos dos parlamentares da base do governo.

Deputado foi acusado de `servidão voluntária¿

Wanderval foi acusado de ¿servidão voluntária¿. Um funcionário de seu gabinete sacou do Banco Rural R$150 mil que teriam sido destinados ao ex-deputado Bispo Rodrigues (PL-RJ), que renunciou para fugir da cassação. Em sua defesa, Wanderval disse que cumpria ordens de Rodrigues, que seu mandato pertencia à Igreja Universal ¿ da qual foi bispo ¿ e que seus funcionários estavam à disposição do ex-líder do PL.

A confissão piorou a situação. O relator acusou Wanderval de ter ¿terceirizado¿ seu mandato.

Os outros nove votos favoráveis à cassação foram de Ann Pontes (PMDB-PA), Nelson Trad (PMDB-MS), Jairo Carneiro (PFL-BA), Moroni Torgan (PFL-CE), Mendes Thame (PSDB-SP), Bosco Costa (PSDB-SE), Pedro Canedo (PP-GO), Júlio Delgado (PSB-MG) e Orlando Fantazzini (PSOL-SP).