Título: SP: VANS ILEGAIS SÃO RARAS
Autor:
Fonte: O Globo, 21/01/2006, Rio, p. 10

Em Recife, PM impede acesso de kombis ao Centro

SÃO PAULO, BELO HORIZONTE e RECIFE.

Para apaziguar os ânimos dos 6.500 motoristas de vans que circulam em São Paulo, a prefeitura mudou as regras de remuneração da categoria no início do ano passado. Antes, os donos das vans dividiam proporcionalmente com donos de empresas de ônibus o valor de cada passagem paga através do bilhete único (que permite ao passageiro pegar quantos ônibus ou vans quiser, no período de duas horas, pagando uma única passagem, hoje de R$2). Cada dono de van recebia cerca de 35% do valor de uma passagem. O restante era destinado aos donos de empresas de ônibus. Depois de vários protestos, alguns que pararam a cidade, a prefeitura decidiu que tanto os concessionários de ônibus como os de vans (permissionários) receberiam por passageiro transportado. Como em São Paulo existe o bilhete único, a procura por vans clandestinas (que não têm a catraca eletrônica) é muito pequena.

Em Recife, a bandalha em que havia se transformado o transporte alternativo acabou em sete dos 14 municípios que formam a região metropolitana. Para terminar com a bagunça, que só em Recife envolvia 7 mil Kombis e vans, o poder público chegou a enfrentar clima de guerra na cidade: bloqueios de avenidas, depredação de ônibus e incêndios criminosos. Foi preciso unir esforços dos poderes legislativos, Executivo, Judiciário e o Ministério Público para acabar com a máfia do transporte clandestino.

O governo do estado (que é do PMDB) e a prefeitura (que é do PT) uniram esforços para disciplinar o transporte clandestino, o que terminou rendendo ameaças à secretária de Desenvolvimento Urbano de Pernambuco, Terezinha Nunes, e ao secretário de Serviços Públicos de Recife, Dilson Peixoto, que necessitaram de segurança particular. O trabalho para limpar as ruas de Recife começou em 2003. A secretária calcula que o tráfego da capital não comporte mais de 200 vans e Kombis, das quais 87 já estão legalizadas. Elas são licenciadas, identificadas e fazem linhas concedidas pelo estado:

¿ A cidade mudou, hoje as pessoas andam de ônibus e o tráfego está escoando com maior rapidez. No início foi preciso bloqueio policial nas entradas do Centro. Hoje a proibição do transporte clandestino é assinalada em placas e a PM é orientada para impedir o acesso de Kombis ou vans sem licenciamento.

Em Belo Horizonte, cerca de 2.500 vans ilegais chegaram a circular. A fiscalização era dificultada porque os motoristas ilegais conseguiram liminares na Justiça permitindo que eles trabalhassem. Por causa da disputa com as vans, o sistema de transportes sofreu modificações. Passaram a circular 275 microônibus, que transportam 60 mil pessoas por dia.