Título: ALI AGCA VOLTA À PRISÃO NA TURQUIA
Autor:
Fonte: O Globo, 21/01/2006, O Mundo, p. 22

Justiça revoga libertação do homem que tentou matar o Papa João Paulo II

ANCARA. Mehmet Ali Agca, o homem que tentou matar o Papa João Paulo II, foi detido ontem depois que a Suprema Corte da Turquia revogou a sua libertação. Os policiais prenderam Agca em sua casa, em Istambul, e o levaram para o quartel da polícia, oito dias após ele sair de uma penitenciária.

¿ Eu sou o Messias! ¿ gritou Agca em turco, inglês e italiano, enquanto os policiais o levavam algemado, atravessando uma multidão de cinegrafistas e fotógrafos na chegada ao quartel.

O Ministério da Justiça da Turquia entrara com uma apelação contra a libertação de Agca na semana passada, após ele passar cerca de 25 anos atrás das grades.

Agca ficou 19 anos preso na Itália pelo atentado contra o Papa. Em 2000, foi libertado e extraditado para a Turquia. Ele, então, foi preso pelo assassinato de Abdi Ipekci, editor de um jornal liberal turco, em 1979. Agca fazia parte do grupo de extrema-direita Lobos Cinzentos.

Corte vai calcular quanto tempo ainda ficará preso

O período em que esteve detido na Itália foi deduzido da pena de 25 anos pela morte de Ipekci. Mas agora a Suprema Corte se pronunciou contra a medida. ¿Não há base legal para deduzir o tempo cumprido na Itália de punições por crimes que ele cometeu na Turquia¿, disse a Corte num comunicado.

O promotor-chefe, única autoridade que poderia contestar o veredicto, não o fez. Por isso, a decisão foi enviada ao tribunal de instância inferior que cuida do caso de Agca. Agora a corte vai calcular quanto tempo mais Agca deverá ficar preso. Ele chegou a ser preso logo após o assassinato do jornalista, mas escapou da prisão.

¿ O Ministério da Justiça fez a sua parte. Agora cabe ao processo jurídico ¿ disse o primeiro-ministro Tayyip Erdogan.

Agca fora libertado no dia 12 de janeiro, numa medida duramente criticada pelo governo e pela imprensa do país.

Seus motivos para tentar assassinar o Papa, em 1981, ainda hoje não são conhecidos. Durante o seu julgamento na Itália, ele disse que era a reencarnação de Jesus Cristo e que o atentado era o cumprimento da profecia de Fátima. Teorias de que ele agia para serviços de segurança da Europa Oriental, devido à oposição do Papa ao comunismo, nunca foram provadas.

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