Título: MENSALÃO: RELATOR PEDE A CASSAÇÃO DE CORRÊA
Autor: Isabel Braga
Fonte: O Globo, 24/01/2006, O País, p. 8

Falta de quórum adia votação dos processos que pedem a mesma punição para Brant e Professor Luizinho

BRASÍLIA. A falta de quórum na sessão plenária da última sexta-feira adiou a votação dos processos de cassação dos deputados Roberto Brant (PFL-MG) e Professor Luizinho (PT-SP), prevista para hoje. E poderá adiar também para a próxima semana a votação do parecer contra o deputado Pedro Corrêa (PP-PE), lido ontem. O relator, Carlos Sampaio (PSDB-SP), votou pela cassação.

A sessão de sexta-feira foi realizada, mas sem o quórum mínimo de 51 deputados na abertura. Para evitar questionamentos, o presidente do Conselho, Ricardo Izar (PTB-SP), adiou a votação de Brant para quarta-feira e a de Luizinho, para o dia seguinte. Sob o argumento de que não pode colocar mais de uma votação por dia, porque está havendo sessão plenária de votação à tarde, Izar avisou que o processo contra Pedro Corrêa só deverá ser votado na sexta-feira ou na segunda.

Relator diz que houve união espúria entre PP e PT

Após a leitura do parecer de Sampaio pelo deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) ¿ Sampaio está no exterior ¿ o deputado Benedito de Lira (PP-AL) pediu vista, o que atrasa por duas sessões a votação. Em seu voto, o tucano diz que o conjunto de provas apontam para a responsabilidade de Corrêa no recebimento de recursos irregulares, obtendo vantagens indevidas para si ou para outrem. Diz ainda que Corrêa confirma a união com o PT.

¿Essa união espúria está a evidenciar que os repasses feitos pelo PT ao PP fizeram parte da negociação que possibilitou o ingresso ou a permanência deste último na base aliada¿, diz trecho do relatório.

O relator diz ter levado em conta o testemunho de Marcos Valério, que disse ter repassado ao PP R$4,1 milhões. Corrêa e os outros deputados do PP acusados só reconhecem o repasse de R$700 mil e alegam que o dinheiro serviu para pagar o advogado que defendeu o ex-deputado Ronivon Santiago (AC).

Corrêa assistiu, pela TV, na sala de Izar, a sessão em que foi lido o voto pela perda de seu mandato. O advogado Eduardo Ferrão fez sua defesa em tom teatral e com citações poéticas. Ferrão disse que seu cliente não cometeu crime. O advogado disse que ¿nunca viu uma Casa tão subjugada à imprensa¿:

¿ As eleições estão aí. Por que não permitir que o povo decida? Esta Casa está sendo devastada pela mídia.

Corrêa não adiantou se recorrerá à Comissão de Constituição e Justiça ou ao Supremo Tribunal Federal.

¿ O próprio relator disse que eu não tive aproveitamento próprio, não peguei dinheiro de ninguém ¿ reagiu.

Ontem, a deputada Ângela Guagadnin (PT-SP) avisou que recorrerá em todas as instâncias contra o líder do PSDB, Alberto Goldman (SP), que a teria acusado de mentora do mensalão. Segundo ela, as declarações foram dadas em um encontro do partido em São José dos Campos (SP) e publicadas pela imprensa regional.