Título: EXPORTAÇÕES DE MANUFATURADOS CAEM
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Fonte: O Globo, 24/01/2006, Economia, p. 22

Superávit comercial recuou para US$469 milhões na terceira semana do mês

BRASÍLIA. O saldo da balança comercial caiu pela terceira vez consecutiva e ficou em US$469 milhões na terceira semana do mês (dias 16 a 22). No período, as exportações atingiram US$1,94 bilhão e as importações, US$1,47 bilhão. Embora tenha havido um crescimento de 15,4% na média diária de embarques na comparação com janeiro de 2005 ¿ desempenho influenciado, principalmente, pela cotação de produtos como petróleo, minério-ferro, açúcar e café ¿ a queda contínua no resultado do comércio exterior já começa a preocupar os especialistas.

Os dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostraram ainda que as exportações de produtos manufaturados perderam fôlego.

¿ Caso seja caracterizada uma tendência, o saldo comercial deste ano será menor do que o projetado (o mercado prevê US$38,7 bilhões) ¿ afirmou o vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro.

Segundo ele, os preços das commodities tenderão a ficar estáveis, o que pode frear o crescimento das vendas externas. Castro destacou que, enquanto os embarques de produtos básicos subiram 44,4%, os semimanufaturados tiveram alta de 9,5% e os manufaturados, de 3,8% nas três semanas.

¿ Como manufaturados representam 50% da pauta exportadora e têm cadeia produtiva longa, um arrefecimento causará impactos negativos em diversos segmentos ¿ explicou Castro.

Já o analista da Consultoria Tendências Guilherme Loureiro acredita que é cedo para falar em queda nas exportações. Para ele, os efeitos são mais sazonais e estariam ligados a dificuldades com trâmite das mercadorias. Além disso, houve apenas 15 dias úteis nas três semanas. Porém, a tendência de acomodação das exportações ao longo do ano é forte, destacou.

A Secex mostrou ainda alta de 16,7% na média diária de importações na terceira semana. Segundo Castro, isso significa que as empresas estão se voltando para o mercado internacional, principalmente na compra de bens de capital.

No ano, as exportações somaram US$6,13 bilhões e as importações, US$4,38 bilhões, com um superávit de US$1,74 bilhão. (G.D.)