Título: ALÍVIO NO DÓLAR, PREOCUPAÇÃO COM SELIC
Autor: Martha Beck
Fonte: O Globo, 24/01/2006, Economia, p. 23
Com resgates de R$13,8 bi, governo zera endividamento cambial interno
BRASÍLIA. O governo conseguiu este mês acabar com um dos pontos vulneráveis da economia: a dívida cambial interna. Até 20 de janeiro, o Banco Central (BC) fez um resgate líquido de títulos de US$6,1 bilhões, o que não apenas zerou o endividamento atrelado ao câmbio, mas deixou um crédito em dólar. Agora, segundo especialistas, o desafio para diminuir a exposição a risco do Brasil é reduzir a parcela indexada à Taxa Selic.
Guilherme Loureiro, economista da consultoria Tendências, ressaltou que o risco agora está nas variações da Selic. Para o especialista em finanças públicas Raul Veloso, é essencial reduzir a participação dos títulos atrelados à Selic:
¿ Essa medida nos deixaria ainda mais próximos do grau de investimento (nota das agências de classificação de risco).
Segundo o chefe do Departamento de Operações de Mercado Aberto (Demab) do BC, Ivan de Oliveira Lima, o estoque de dívida cambial, que era de 37% em 2002, fechou dezembro de 2005 em R$11,4 bilhões, ou 1,16%. Mas como os resgates de janeiro já somam R$13,8 bilhões, a participação foi a zero.
Mas alguns analistas alertam sobre o custo dessa redução. Segundo Carlos Thadeu de Freitas, ex-diretor do BC e chefe do Departamento Econômico da Confederação Nacional do Comércio, o BC usou contratos de swap reverso, nos quais assume posições futuras de dólar e oferece uma rentabilidade atrelada à Selic. Com juros estáveis e a queda de mais de 12% do dólar em 2005, houve perdas. (Martha Beck e Diogo de Hollanda, do Globo Online)