Título: TERRORISTA RECOMENDA LEITURA A AMERICANOS
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Fonte: O Globo, 24/01/2006, O Mundo, p. 29

Best-seller graças a Bin Laden

NOVA YORK. Osama Bin Laden, líder da al-Qaeda e inimigo público número um dos EUA, o terrorista mais procurado pelos serviços de inteligência de todo o mundo, mostrou ser um eficientíssimo vendedor de livros, para alegria da editora Common Courage Press. Na última gravação que liberou na semana passada com ameaças aos EUA e uma proposta de trégua, exibida pela rede al-Jazeera, Bin Laden recomendou aos americanos a leitura do livro ¿Rogue State: A Guide to the World¿s only Superpower¿ (Estado hostil: um guia para a única superpotência), de William Blum, lançado sem repercussão em 2000.

Graças à sugestão de Bin Laden, o livro entrou imediatamente na lista dos cem mais vendidos da internet pela gigantes Amazon e Barnes & Noble e ontem já estava respectivamente em décimo-primeiro e oitavo lugar, indicando que caminha para o topo de lista dos best-sellers. Ele trata das intervenções militares americanas no exterior desde o fim da Segunda Guerra Mundial e Bin Laden disse que ¿seria bem útil se os americanos o lessem¿. Ele citou literalmente uma passagem na qual Blum afirma que ¿caso fosse presidente pediria desculpas ao mundo pelo imperialismo americano e proibiria intervenções militares¿.

Numa entrevista ao ¿New York Times¿, Blum esclareceu que esta passagem está na introdução de ¿Rogue State¿ e que aparece atualmente na contracapa de outro de seus livros, ¿Freeing the World to Death: Essays on the American Empire¿ (Common Courage Press, 2004). Blum disse que utiliza freqüentemente esta passagem em seus discursos e que ela está em diversos sites na internet. ¿Rogue State¿ foi traduzido para uma dúzia de línguas, inclusive o árabe.

O esquerdista Blum demitiu-se do Departamento do Estado em 1967 em protesto pelo envolvimento americano no Vietnã e tornou-se um dos fundadores e editores do ¿Washington Free Press¿, o primeiro jornal alternativo da capital. Para fúria do governo, em 1969 publicou um artigo sobre a CIA revelando nome e endereço de mais de 200 agentes. Vive atualmente em Washington e trabalha como jornalista free-lancer. Blum disse que ¿compartilha com Bin Laden de uma mesma visão sobre vários aspectos da política externa dos EUA¿, mas ¿não gostaria de viver sob um governo que aplicasse suas propostas¿.