Título: ONU PREVÊ QUE BRASIL TERÁ MENOR TAXA DE CRESCIMENTO ENTRE 24 EMERGENTES
Autor: Helena Celestino
Fonte: O Globo, 25/01/2006, Economia, p. 20

Relatório diz que o país registrará expansão de 3% em 2006 e China, de 8%

NOVA YORK. A ONU prevê que os países em desenvolvimento crescerão mais do que as economias industrializadas em 2006, mas a América Latina terá o pior desempenho entre este grupo de nações, principalmente por causa das modestas taxas de expansão do Produto Interno Bruto (PIB, o conjunto das riquezas produzidas em um país) do Brasil e do México. Mais pessimista que outras instituições internacionais, relatório do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas, divulgado ontem em Nova York, projeta um aumento de 3,3% da economia mundial em 2006, com uma modesta alta de 2,6% nas nações industrializadas e de 5,6% nos países em desenvolvimento, com expectativa de expansão para a América Latina de apenas 4%. Entre os 24 países emergentes, o Brasil terá o menor crescimento em 2006: 3%.

O número brasileiro é muito menor do que os 8,3% previstos para a China ou os 6% da Argentina, e até do que os 3,5% do México. Mas a ONU prevê que o fim da política monetária restritiva vai propiciar um crescimento maior ao país, embora advirta que a sobrevalorização do real frente ao dólar pode atrapalhar o aumento das exportações, particularmente de produtos manufaturados, além de facilitar também um aumento do fluxo de importações.

FMI precisa combater déficits americanos, diz ONU

- Estamos esperando que a economia brasileira acelere este ano, acompanhamos a análise que a Cepal já fez. Uma das particularidades do Brasil tem sido a política monetária contracionista, e agora o país está se movendo para uma política mais expansionista - disse o presidente do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da ONU, José Antonio Ocampo.

Segundo a ONU, o mundo está vivendo tempos de inflação baixa, mas a alta do petróleo e os monstruosos déficits fiscal e comercial americanos ameaçam a estabilidade da economia. Os bons fluidos são trazidos pela China, cuja demanda puxou o preço das commodities e movimentou a economia dos países em desenvolvimento.

O alerta é de que o FMI, tradicional interventor nas economias dos países em desenvolvimento em épocas de crise, agora precisa desempenhar um papel mais forte para acabar com as fraquezas do sistema, especialmente os déficits americanos, considerados um perigo "claro e presente". A análise dos economistas é que os países em desenvolvimento continuarão pagando as suas dívidas e, portanto, não precisam mais do monitoramento do FMI, mas o déficit americano necessita ser atacado pela comunidade internacional.