Título: PROTESTOS NA MARCHA DE ABERTURA
Autor: Soraya Aggege
Fonte: O Globo, 25/01/2006, Economia, p. 25
Tom oficialista abre a passeata. José Dirceu usa broche com imagem de Chávez
CARACAS. Aprisionado por um esquema excessivamente oficialista, a tradicional passeata que abre o Fórum Social Mundial reuniu ontem à tarde dezenas de milhares de pessoas em Caracas. Animada por caminhões de som do governo e aberta por centenas de venezuelanos pró-Chávez e cubanos enviados por Havana trajados com as cores da bandeira da ilha, boa parte da manifestação teve um ar de marcha oficial.
- Queria que nosso comandante (Fidel Castro) estivesse aqui. Mas como não pôde, viemos representá-los em louvor a Chávez e em nome de uma América unida - disse a economista Meila Fernández García, de 22 anos, da delegação cubana.
Gritos de "viva Chávez" e "outra América Latina é possível" ressoavam, mas a costumeira mistura de cores, protestos e países só aconteceu na segunda metade da passeata.
Entre os participantes da passeata estava o ex-ministro José Dirceu. Aparentando descontração, ele distribuiu autógrafos e abraços e usava um broche com os dizeres "contra o imperialismo" e uma foto do presidente venezuelano Hugo Chávez sorrindo. Segundo Dirceu, utilizava o broche porque "uma senhora pôs em mim e eu deixei."
- Me sinto aliviado, mais leve - afirmou ele.
Fontenelle diz que Cuba é capitalismo de Estado
Outra brasileira era a ex-prefeita de Fortaleza Maria Luiza Fontenelle, que participa do fórum como membro da Crítica Radical. Seu grupo carregava uma faixa com os dizeres: "Nem Chávez, nem Bush, nem Lula."
- Queremos ver aqui em Caracas uma posição mais radical, porque qualquer governo, mesmo de Chávez ou Lula, só sabe administrar crises. Todos mantém a velha forma do capitalismo. Até Cuba é um capitalismo de Estado - disse a ex-petista.
Um grupo de mais de mil americanos anti-Bush participaram da passeata. Mesmo número dos representantes do MST em Caracas. (S.A.)
Legenda da foto: CUBANOS AGITAM bandeiras de seu país durante a passeata que abriu o Fórum Social Mundial, em Caracas: protestos contra os EUA