Título: PMDB DEVE PERDER MINISTÉRIOS SE TIVER CANDIDATO PRÓPRIO A PRESIDENTE
Autor: Gerson Camarotti e Monica Tavares
Fonte: O Globo, 26/01/2006, O País, p. 4

Renan e Sarney garantem a Lula que partido apoiará governabilidade

BRASÍLIA. O presidente Lula está preocupado com o destino do PMDB, especialmente com o resultado das prévias de 19 de março. Em encontro com Lula ontem, o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL) e o senador José Sarney (AP), tentaram tranqüilizá-lo, mas adiantaram que, se o partido escolher um candidato ao Planalto, reavaliarão tudo, inclusive a permanência no governo.

Lula ouviu que o adiamento da prévia para 19 de março foi uma derrota do ex-governador Anthony Garotinho (RJ) e uma vitória do grupo ligado ao Planalto. A ala lulista do PMDB, na verdade, também foi derrotada, pois pretendia adiar a prévia mais ainda, para abril. Lula saiu convencido de que uma eventual candidatura do governador Germano Rigotto (RS) será menos prejudicial a seu projeto de reeleição que a de Garotinho.

Os governistas do PMDB devem trabalhar pela derrota de Garotinho. Em contrapartida, Lula garantiu ao PMDB que trabalharia no que fosse possível para derrubar a verticalização.

¿ Já me posicionei contra a verticalização. Agora, tenho preocupação para que não fique parecendo um estupro do PT ¿ disse Lula a Renan e Sarney.

O presidente ouviu dos senadores que, independentemente da decisão de ter candidato próprio, o PMDB dará governabilidade até o fim do mandato. Para os governistas, se a opção for a candidatura própria, o partido deverá deixar o governo. Atualmente, o partido tem três ministros: o da Saúde, Saraiva Felipe, o das Comunicações, Hélio Costa, e o das Minas e Energia, Silas Rondeau.

¿ Se o partido definir por uma candidatura própria em março, o PMDB sai do governo, mas manterá a governabilidade ¿ disse o líder do PMDB no Senado, Ney Suassuna (PB).

`O partido não vai colaborar com a desestabilização¿

Renan Calheiros também reforça esta posição:

¿ Mesmo sem cargos, o PMDB dará governabilidade. O partido não vai colaborar com a desestabilização.

Lula está decidido a fazer uma reforma ministerial antes do prazo de desincompatibilização para reestruturar o seu governo e deve optar por uma solução técnica na substituição dos ministros.