Título: Uruguai confirma a extradição de João Arcanjo
Autor: Anselmo Carvalho Pinto
Fonte: O Globo, 19/11/2004, O País, p. 15

O Tribunal de Apelação do Uruguai, correspondente à segunda instância da Justiça uruguaia, confirmou na última terça-feira a extradição para o Brasil do bicheiro João Arcanjo Ribeiro, conhecido como ¿Comendador¿, considerado o chefe do crime organizado em Mato Grosso. Ele está preso desde abril de 2003 em Montevidéu. O tribunal, no entanto, negou o pedido de extradição da mulher dele, Sílvia Shirata, colocada em liberdade desde quarta-feira.

A informação sobre a decisão do tribunal foi confirmada ontem à tarde pela assessoria de imprensa da Embaixada brasileira em Montevidéu.

A decisão foi assinada pelos ministros Alfredo Gómez Tedeschi, Dardo Preza e William Corujo, que aceitaram a existência dos crimes atribuídos a Arcanjo, mas consideraram insuficientes as acusações contra Sílvia Shirata.

Condenado a 49 anospela Justiça brasileira

No Brasil, Arcanjo está condenado a 49 anos de cadeia por lavagem de dinheiro, crime contra o Sistema Financeiro Nacional, contrabando, formação de quadrilha, porte ilegal de armas e sonegação fiscal. Já sua mulher acumula penas que somam 25 anos, por lavagem de dinheiro e crime contra o Sistema Financeiro Nacional. Os advogados do bicheiro já informaram que pretendem recorrer da decisão na Suprema Corte de Justiça, a última instância no país.

Ontem à tarde, funcionários da embaixada fizeram contato com a Chancelaria uruguaia, a fim de obter mais informações sobre a decisão, que ainda não havia sido oficialmente divulgada.

Uruguaio condenado no Brasil também foi solto

O juiz federal de Cuiabá, Julier Sebastião da Silva, que condenou Arcanjo a 37 anos de cadeia, disse que espera para breve o pronunciamento da Suprema Corte, caso os advogados realmente recorram da decisão.

¿Quando estivemos lá, em 2003, o presidente da Suprema Corte (Roberto Parga) nos garantiu que o caso teria prioridade ¿ disse Silva ontem.

Além de Sílvia Shirata, o Tribunal de Apelação colocou em liberdade o uruguaio Adolfo Olivero Sesini, que também está condenado por lavagem de dinheiro no mesmo processo de Arcanjo. No seu caso, os ministros entenderam que o tratado entre os dois países proíbe a extradição de nacionais.

Arcanjo é acusado aindade oito homicídios

Arcanjo está preso em Montevidéu desde o dia 11 de abril de 2003. Na ocasião, ele foi flagrado por policiais uruguaios numa elegante casa do bairro Carrasco, de classe média alta, onde vivia desde que fugira do país. No Brasil, além dos crimes que já resultaram nos 49 anos de prisão, ele é acusado de oito homicídios. A Justiça, no entanto, espera sua extradição para levá-lo ao banco dos réus.