Título: PV decide excluir Calazans de seus quadros
Autor: Carla Rocha
Fonte: O Globo, 19/11/2004, Rio, p. 19

A direção nacional do Partido Verde (PV) decidiu ontem afastar o deputado Alesssandro Calazans que agora não poderá mais usar a legenda. A decisão foi tomada em virtude de denúncias envolvendo o parlamentar, que também dirigia o PV fluminense, no caso Loterj e na chamada máfia do combustível. Calazans ainda pode recorrer. Em substituição a Calazans, assume o PV no Rio o secretário municipal de Urbanismo, Alfredo Sirkis, que já esteve à frente do partido entre 1986 e 1996.

PV vai passar pente fino e pode punir outros

Calazans já vinha num processo de desgaste dentro do PV por ter votado favoravelmente na Assembléia Legislativa (Alerj) em vários projetos de interesse da governadora Rosinha Matheus, o que vinha sendo considerado falta de ética porque contrariaria a orientação partidária. O PV também vai passar uma espécie de pente fino em todas as matérias importantes votadas no estado e pode punir outros parlamentares. O objetivo é imprimir uma marca de oposição que tinha desbotado, principalmente com apoios do PV a políticos do PMDB. Como em Nova Iguaçu, Calazans teria apoiado o peemedebista Mário Marques à Prefeitura, o município será o primeiro alvo da devassa. Marques acabou perdendo a prefeitura para Lindberg Farias (PT). Apesar de ter sido surpreendido com a decisão do PV, Calazans, de acordo com a sua assessoria, não iria se pronunciar sobre a deliberação da executiva nacional. Ele nega ter apoiado Mário Marques e diz que apresentará sua defesa no dia 9 na reunião do Conselho Nacional do PV.

Calazans já está sendo investigado pela Corregedoria da Alerj por causa de uma fita gravada por um intermediário do empresário do ramo lotérico, Carlinhos Cachoeira. Nela, segundo os denunciantes, Calazans, que era presidente da CPI da Loterj, estaria negociando a retirada do nome de Cachoeira do relatório final da comissão.

Na fita divulgada pela revista ¿Veja¿, o deputado usaria a expressão ¿andorinha¿ para se referir a dinheiro. Calazans nega ter usado a expressão e a fita está sendo analisada pelo perito Ricardo Molina, que deverá entregar seu parecer hoje. A previsão é de que, na segunda-feira, a comissão da Alerj que investiga o caso entregue seu relatório à mesa diretora da Casa sugerindo a conduta a ser adotada e pode propor inclusive a cassação de Calazans por quebra de decoro parlamentar.

Na terça-feira, O GLOBO revelou que Calazans também está sendo acusado de atuar na máfia do combustível por uma testemunha que teve seu depoimento gravado pela deputada Cidinha Campos (PDT).