Título: Mais uma comissão de sindicância
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Fonte: O Globo, 19/11/2004, Rio, p. 19

A situação do deputado federal André Luiz (PMDB-RJ) se complica a cada dia. Ontem, o presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), autorizou a criação de mais uma comissão de sindicância para investigar o parlamentar. A nova comissão, composta pelos mesmos integrantes do grupo que já investiga a denúncia de extorsão, vai se concentrar nas gravações em que um homem, identificado pela revista ¿Veja¿ como sendo André Luiz, diz ter matado oito pessoas.

Na Câmara, o destino do deputado já está praticamente selado. A Mesa Diretora da Casa vai analisar na próxima quinta-feira o relatório da primeira sindicância, que concluirá ter havido quebra de decoro parlamentar por parte de André Luiz no caso da cobrança de propina. A decisão da Mesa já era dada como certa desde ontem: enviar o caso para o Conselho de Ética da Câmara, com a abertura simultânea do processo de cassação do mandato.

A expectativa na Câmara é de que, até quinta, André Luiz renuncie ao mandato. Isso porque, após a abertura do processo no Conselho de Ética, ele já não poderia mais renunciar para evitar a cassação. Com isso, o deputado garantiria pelo menos seus direitos políticos, podendo candidatar-se a cargo público nas próximas eleições.

A Mesa da Câmara tem pressa em ver André Luiz punido. A própria decisão de João Paulo de criar uma nova comissão de sindicância, em vez de apenas prorrogar a investigação já existente, foi adotada para evitar qualquer risco de o deputado recorrer e anular a apuração.

Ontem, o advogado de André Luiz, Michel Saliba, apresentou a defesa prévia do deputado perante a Comissão de Ética do PMDB. Procurado pelo GLOBO, André Luiz não quis se manifestar.