Título: Fundos têm perdas com intervenção
Autor: Enio Vieira e Patricia Eloy
Fonte: O Globo, 19/11/2004, Economia, p. 36

Fundos administrados de bancos públicos com papéis do Banco Santos estão sofrendo fortes perdas esta semana. A intervenção no Banco Santos provocou uma perda de R$ 26 milhões no patrimônio de um fundo de investimento da Caixa Econômica Federal. Como o Banco Central (BC) interveio por um período de até seis meses desde a última sexta-feira, as aplicações feitas na instituição financeira não podem sofrer saques, e os fundos devem registrar os recursos bloqueados como perda. Dois fundos do Banco de Brasília (BRB) também perderam R$ 1,5 milhão.

Segundo a assessoria da Caixa, o fundo FAC Seleção tinha aplicado em Certificados de Depósitos Bancários (CDB) do Banco Santos. Este foi também o caso do BRB. A Caixa Econômica e o BRB não forneceram números de perdas e apenas publicaram ontem comunicados em jornais, conforme exigência da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), para esclarecer os aplicadores. Mas dados da Associação Nacional de Bancos de Investimento (Anbid) registram queda de 10,32% no fundo administrado da Caixa, cujo patrimônio caiu de R$ 248,6 milhões (última sexta-feira) para R$ 222,6 milhões (esta terça). Houve uma desvalorização do valor das cotas do fundo.

A Caixa disse que o FAC Seleção é um fundo de risco e prevê a possibilidade de perdas de patrimônio por flutuações de mercado em seu regulamento. Este fundo possui 3,2 mil aplicadores de um total de 700 mil da Caixa Econômica e representa apenas 0,2% dos recursos de terceiros administrados pela instituição. Na última terça-feira, a área de gestão de fundos da Caixa teve que registrar por lei a possível perda com os recursos aplicados em CDBs do Banco Santos.

Segundo os números da Andib, o BRB teve perdas patrimoniais em dois fundos: o FIF Liquidez e o FIF Executivo. O primeiro apresentou uma queda de 4,9% de patrimônio, caindo de R$ 12,7 milhões na sexta para R$ 12,6 milhões na última terça-feira. O segundo fundo teve queda maior, de 8,4%, passando de R$ 81,709 milhões para R$ 80,326 milhões.

Os fundos de pensão da Embrapa (Ceres) e dos servidores públicos (Geap) esclareceram ontem que os recursos dos participantes estão protegidos ¿ ambos são administrados não pelo banco, mas pela Santos Asset, que não sofreu intervenção. No caso da Ceres, são R$ 38 milhões aplicados e, na Geap, o montante chega a R$ 178 milhões.