Título: Saem mais dois técnicos do Bolsa Família
Autor: Demétrio Weber
Fonte: O Globo, 23/11/2004, O País, p. 8
Depois da demissão da secretária-executiva do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Ana Fonseca, outros dois técnicos ligados diretamente ao programa Bolsa Família vão sair do ministério. Nos próximos dias, deixarão o governo o secretário de Renda de Cidadania, André Teixeira, e o diretor do Cadastro Único, Claudio Roquete. A exoneração de Ana Fonseca, anunciada na sexta-feira, foi publicada ontem no Diário Oficial.
A saída dos três deixará acéfalo o principal programa de transferência de renda do ministério. Este mês, 5,9 milhões de famílias serão atendidas, recebendo entre R$ 15 e R$ 95. Este ano o Bolsa Família deverá consumir R$ 5,6 bilhões. André Teixeira conversará hoje com o ministro Patrus Ananias sobre sua situação. Patrus, que participará de audiência pública na Comissão de Assuntos Sociais do Senado, não anunciou o substituto de Ana Fonseca.
André Teixeira e Claudio Roquete faziam parte da equipe de Ana desde outubro, quando o Bolsa Família foi criado. Ela era então a secretária-executiva do programa, que funcionava ligado diretamente ao Palácio do Planalto.
Teixeira e Roquete saem por falta de clima no ministério
O Ministério do Desenvolvimento Social só passou a existir em janeiro, após a reforma ministerial. A nova pasta foi resultado da fusão dos extintos Ministério Extraordinário de Segurança Alimentar e Combate à Fome e do Ministério da Assistência Social, além da própria Secretaria Executiva do Bolsa Família.
Teixeira e Roquete, que chegaram com o então secretário-executivo do Ministério de Assistência Social, Ricardo Henriques, deixarão o ministério por entender que não há clima para continuar o trabalho após a demissão de Ana Fonseca. A secretaria de Teixeira cuida diretamente do Bolsa Família. Roquete é responsável pelo Cadastro Único, de onde são selecionados os beneficiados.
A secretária-executiva foi exonerada por Patrus, após longo processo de desgaste entre ambos. Ana Fonseca considerava desastradas as declarações públicas do ministro e a forma como ele reagiu nos últimos meses em dois momentos críticos do programa: quando foi tornado público que o ministério não fiscalizava as contrapartidas exigidas das famílias beneficiadas e quando o ¿Fantástico¿ revelou falhas como o pagamento a famílias que não eram pobres.
No primeiro caso, Patrus afirmou que a fiscalização de contrapartidas como a freqüência escolar não era tão importante assim. No segundo, disse que as irregularidades faziam parte da natureza humana. Ana Fonseca achou que o ministro errou em ambos os episódios.