Título: Bancada do PMDB na Câmara fica contra ruptura
Autor: Luiza Damé e Cristiane Jungblut
Fonte: O Globo, 23/11/2004, O País, p. 10

O líder do PMDB na Câmara, José Borba (PR), disse ontem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva será bem tratado pelos deputados do PMDB no almoço previsto para amanhã. Ele garante que a maioria da bancada também deverá, a exemplo do Senado, decidir-se contra o afastamento do governo e defender o adiamento da convenção do partido, marcada para 12 de dezembro. Borba afirmou que essa é a posição da maioria dos parlamentares e também dos 1.058 prefeitos eleitos pelo partido, que esperam trabalhar em parceria com o governo federal:

¿ Se o PMDB romper, o partido e o governo perdem. Nós vamos ficar sem atendimento e o governo, sem a governabilidade. Os prefeitos eleitos têm expectativa em relação ao governo federal.

Para que a posição dos governistas prevaleça, Lula está conversando com os governadores que assinaram a nota defendendo a entrega dos cargos. Na semana passada Lula conversou com Luiz Henrique, que saiu do Planalto defendendo que o partido continuasse na base. Esta semana Lula vai procurar Roberto Requião, do Paraná, a quem tentará convencer de que, se o partido adotar a tese de entregar os cargos, estará abrindo caminho para que vá para a oposição. Requião já demonstrou que pode recuar ao declarar que não quer o partido junto com o PSDB e o PFL na sucessão de 2006.

Os governistas apostam na divisão dos governadores e que a posição das bancadas na Câmara e no Senado, contra o rompimento, prevalecerá sobre os que defendem o afastamento. Apesar de o presidente do PMDB, Michel Temer (SP), estar esticando a corda, os aliados de Lula acreditam que prevalecerá o bom senso.

¿ Não nos interessa que o PMDB saia da discussão dividido ¿ disse o ministro das Comunicações, Eunício Oliveira.

Temer e o governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, disseram ontem em São Paulo que se o partido aprovar a saída do governo, não haverá a hipótese de licença para que alguns parlamentares possam assumir eventuais ministérios oferecidos pelo governo petista. Rigotto e Temer defenderam a saída do PMDB dos que não quiserem deixar o governo.

¿ Se chegarmos na convenção do dia 12 e a nossa posição for majoritária, não tem essa história de se licenciar. Se o presidente convidar alguém é por conta e risco do convidado. Se for para o cargo, tem que se afastar do partido. Será afastado do partido ¿ disse Rigotto. COLABOROU Adauri Antunes Barbosa