Título: Encontro de Serra com Marta tem até beijo
Autor: Flávio Freire
Fonte: O Globo, 24/11/2004, O país, p. 8
Após ataques mútuos durante a campanha eleitoral, a prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT), e o prefeito eleito, José Serra (PSDB), procuraram mostrar ontem um clima ameno no primeiro encontro oficial depois do segundo turno. Marta passeou com Serra pelo Palácio do Anhangabaú, sede da prefeitura, e chegou a dar um beijo no rosto do tucano ao se despedir. Serra, que foi à prefeitura a convite da petista, retribuiu a recepção com elogios à adversária:
¿ Sempre tive boa relação pessoal com a prefeita. Já são 27 anos de relações pessoais e não há qualquer descontinuidade neste aspecto ¿ disse ele, repetindo que tinha ido à prefeitura só para ¿ver como ela funciona¿ e, sobre a decoração, garantiu não ter visto ¿nenhuma estrela¿.
Marta evita falar com a imprensa
Após 30 minutos de conversa no gabinete da prefeita, para que o tucano pudesse conhecer o lugar de onde governará a cidade nos próximos quatro anos, eles visitaram instalações da secretaria de governo, da chefia de gabinete, o gabinete do vice-prefeito e ainda o jardim suspenso, no 13 andar. Em seguida, Marta acompanhou Serra até a saída, mas não deu entrevista.
Em entrevista, o tucano evitou falar sobre o processo de transição e também sobre a escolha de seu secretariado. Segundo ele, o único motivo do encontro foi conhecer o novo local de trabalho:
¿ Vim só conhecer as instalações. Não é hora de falar sobre a administração.
Equipe de transição do PSDB reclama de petistas
Mas, enquanto Serra desfilava ao lado de Marta, os tucanos atacaram a administração petista. Felipe Soutello, um dos coordenadores da equipe de transição de Serra, fez uma avaliação pessimista em relação a dados fornecidos pela Prefeitura nesse período de transição. Ele considera inconsistentes e desorganizadas as informações que chegam à equipe tucana.
Soutello, escolhido por Serra para integrar o time tucano da transição, ironizou inclusive a forma como o PT tem conduzido o processo depois da derrota na eleição.
¿ Talvez eles não imaginassem que perderiam a eleição. O que a gente gostaria é de ter um processo nos moldes daquele que houve entre Fernando Henrique Cardoso e Lula. O problema é como eles (os dados) estão sendo encaminhados. Acho que é preciso mais organização. Quantos são, quem são, há quanto tempo são. Até para a gente pensar quais os cortes que serão feitos, qual o remanejamento que se pode pensar. Não se sabe quantos funcionários são necessários para usar uma subprefeitura, por exemplo ¿ disse Soutello.
Ainda assim, segundo o tucano, a relação com os petistas tem se dado em caráter civilizado.