Título: Nilmário afirma ter certeza de que fazendeiro mandou matar agricultores
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Fonte: O Globo, 24/11/2004, O país, p. 10

O secretário especial de Direitos Humanos, Nilmário Miranda, disse ontem ter certeza de que o fazendeiro Adriano Chafik foi o mandante do ataque de pistoleiros a um acampamento do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) nas proximidades de Felisburgo (MG), no sábado passado. Cinco lavradores foram mortos e outros 20 ficaram feridos. Apesar de o inquérito policial não ter sido concluído, o ministro afirmou que existem indícios da participação direta de Chafik no massacre.

¿ Há indícios bem fortes de que ele próprio participou não só da premeditação como do próprio ato da chacina e do massacre ¿ disse Nilmário, ao deixar a Segunda Jornada de Debates sobre o Trabalho Escravo, no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

O ministro afirmou que o crime teria sido planejado com antecedência. Antes do assassinato, testemunhas teriam visto o fazendeiro nas imediações do acampamento, localizado a cerca de 18 quilômetros de Felisburgo. Nilmário também disse que Chafik teria utilizado a própria caminhonete para levar os pistoleiros ao local do crime.

¿ Temos que ter paciência. Ter um inquérito bem feito é condição para a propositura de ação penal pelo Ministério Público e para uma condenação na Justiça que seja exemplar ¿ afirmou.

Sobreviventes reconheceram gerente da fazenda

Em Minas Gerais, a polícia prendeu ontem o quarto suspeito de participar do massacre dos sem-terra em Felisburgo, no Vale do Jequitinhonha. O suspeito preso é o gerente da fazenda, Sebastião Cardoso, reconhecido por sobreviventes. Outros três suspeitos estão detidos e foram transferidos ontem para Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte.

A polícia ainda procura o dono da fazenda, Adriano Chafik, suspeito de ser o mandante. Outras cinco pessoas estão sendo procuradas, com mandados de prisão já expedidos pela Justiça.

Nesta terça-feira, o policiamento foi reduzido na cidade. Logo após o massacre, dezenas de policiais militares e civis foram deslocados para a cidade, durante o velório e o enterro dos cinco agricultores assassinados, para evitar novos confrontos. Pelo menos 15 pistoleiros armados teriam participado da chacina, no sábado.

Um dos coordenadores do MST, Wilton Soares Ribeiro, disse que teme novos conflitos porque muitos suspeitos estariam circulando ainda armados pela região. Os integrantes do MST estão reconstruindo o acampamento na fazenda.