Título: Violência fecha escolas à noite no Espírito Santo
Autor: Carlos Orletti
Fonte: O Globo, 24/11/2004, O país, p. 13

A capital capixaba e os municípios da Grande Vitória viveram ontem o segundo dia de toque de recolher por causa do medo espalhado por vândalos que já incendiaram dez ônibus do sistema de transporte coletivo. As tropas do Exército continuam nas ruas e nos terminais de ônibus fazendo o policiamento. As aulas na rede estadual de ensino estão suspensas no período noturno, já que o governo determinou a retirada de 70% da frota de ônibus das ruas a partir das 20h.

A Universidade Federal do Espírito Santo e parte das escolas particulares também decidiram fechar as portas à noite.

Secretário diz que açãoé comandada por traficantes

O secretário de Segurança, Rodney Miranda, afirmou ontem que a ação é comandada por facções do crime organizado no estado ligadas ao tráfico. Segundo o secretário, 40 pessoas foram interrogadas e cinco, que confessaram participação nos ataques, estão presas.

¿ A origem desses ataques está no combate ao tráfico pelos governos estadual e federal. Estamos investigando a forte possibilidade de traficantes presos estarem por trás desses crimes ¿ disse o secretário.

A onda de ataques a ônibus começou na quinta-feira. Em quatro dias, dez ônibus foram incendiados e destruídos. Na segunda-feira à noite o carro de um assessor de imprensa do governador Paulo Hartung foi incendiado nas proximidades do Palácio Anchieta. O secretário de Segurança, no entanto, afastou a hipótese de o ataque estar relacionado ao grupo que está incendiando os ônibus.

Em reunião ontem, o governo decidiu criar uma guarda armada para atuar nos terminais de ônibus intermunicipais, que terão um sistema de monitoramento por câmeras a partir da semana que vem. O conselho de segurança decidiu ainda manter as tropas do Exército no policiamento do transporte coletivo.

São 400 homens nas ruas e em terminais da Grande Vitória, 240 deles do Batalhão de Infantaria Pára-quedista e do Batalhão da Polícia do Exército do Rio. O pedido foi feito pelo governador Paulo Hartung aos ministros da Defesa e da Justiça.