Título: Bens comprados para lavar dinheiro de propina
Autor: Antônio Werneck
Fonte: O Globo, 24/11/2004, Rio, p. 17

A análise que vem sendo realizada pela Polícia Federal nos documentos apreendidos durante a operação Poeira no Asfalto mostrou que os envolvidos na máfia dos combustíveis lavavam o dinheiro de propinas comprando imóveis em bairros nobres, carros e até iates. Quase sempre os bens eram postos em nomes de parentes. Há pelo menos um caso em que os bens foram passados para o nome da empregada doméstica de um dos implicados. As identidades não foram reveladas pelos responsáveis pelas investigações. A Operação Poeira no Asfalto, desencadeada há duas semanas, levou à prisão 57 pessoas, entre elas o empresário Renan de Macedo Leite, que era lotado no gabinete do deputado estadual Domingos Brazão (PMDB).

O delegado Cláudio Nogueira, encarregado do inquérito, disse que ainda falta muito material para ser analisado.

¿ Estamos na fase de coleta de novas provas contra todos os envolvidos ¿ disse o delegado da PF.

Cláudio Nogueira lembrou ainda que a Justiça federal transformou a prisão provisória dos 57 presos em preventiva.

¿ Isso demonstra que foram encontrados indícios consistentes do envolvimento deles em ações ilegais ¿ afirmou o delegado.

Os policiais também aguardam laudos que foram pedidos ao Instituto de Criminalística da PF. O mais esperado é o do exame grafotécnico do fiscal da Receita estadual Roberto Ottati. Na casa dele foram encontrados cerca de R$ 450 mil em dinheiro. Acusado de envolvimento com o esquema de adulteração de combustível e sonegação fiscal, Ottati, segundo policiais, dividiu o dinheiro em pequenos bolos. Junto a cada um deles havia um papel com um nome anotado a caneta.

Policial rodoviário federal teria dez imóveis no Rio

Com o objetivo de saber se a letra é mesmo de Ottati, peritos da PF recolheram amostras com o fiscal para fazer um exame grafotécnico. Ottati é chefe do posto da Receita estadual na Via Dutra em Nhangapi, entre Itatiaia e Engenheiro Passos.

Um policial rodoviário federal, por exemplo, teria ao menos dez imóveis no Rio. Também foram identificados, graças a escutas e documentos obtidos em cartórios, sete carros em seu nome, da mulher e do filho de 15 anos.