Título: Luxo em expansão no Brasil
Autor:
Fonte: O Globo, 24/11/2004, Economia, p. 31
O comportamento da economia definitivamente não afeta uma privilegiada fatia da população brasileira. As previsões para o mercado de luxo no Brasil são para lá de otimistas: crescimento de 40% em 2005, enquanto nos anos anteriores o crescimento girou em torno de 33%. O país movimenta hoje US$ 2,2 bilhões por ano neste segmento, formado por grifes internacionais principalmente de roupas e jóias, segundo dados de consultorias especializadas em marcas. São Paulo reinava quase que absoluta como capital do luxo no Brasil. Mas o Rio foi redescoberto pelas grifes que, no mundo, movimentam US$ 200 bilhões em vendas com previsão de chegar a US$ 400 bilhões até 2010.
O negócio do luxo no Rio foi tema ontem de um seminário que reuniu representantes de grandes empresas que não se limitaram a elogiar o potencial do mercado carioca. Algumas já chegaram com boas notícias para a cidade como a vinda, em 2005, das marcas Dolce&Gabana e Dior com lojas próprias e projetos avançados da joalheria Tiffany¿s.
A mais recente investida no mercado carioca foi da italiana Diesel, que abriu uma loja no shopping Fashion Mall, em São Conrado. Segundo a diretora Comercial da marca no Brasil, Márcia Fonseca, a empresa estuda a abertura de mais uma loja em no máximo um ano, desta vez em Ipanema. O jeans mais barato custa R$ 170 e a compra média nas lojas brasileiras é de R$ 1.300.
Para Carlos Ferreirinha, que esteve à frente da Louis Vuitton no Brasil e é diretor da MCF Consultoria, especializada em luxo, o Brasil está atraindo este mercado principalmente depois da mudança das empresas, que passaram por um processo de profissionalização e também de foco, com antigas marcas familiares reformulando sua imagem para enfrentar a concorrência.
¿ O país ainda tem muito espaço para o mercado do luxo. Ainda não temos aqui lojas próprias Gucci ou Prada. Antes, o luxo estava associado a algo aristocrático, ao dinheiro antigo. Agora o luxo mudou de mãos e isso é visível no Brasil e no Rio. Há uma convergência: as empresas mudaram, estão mais profissionais, são pressionadas por acionistas que querem resultados. E o consumidor de produtos de luxo também mudou ¿- diz Ferreirinha
A definição de mercado de luxo vai além da moda. São 35 segmentos que vão de joalherias a aviões, carros, vinhos e cuidados corporais. Das cem maiores marcas mundiais, 15 são do mercado de luxo. O Brasil tem de 300 mil a 500 mil consumidores regulares de produtos do segmento de luxo que gostam de gastar. Carros estão entre as paixões de quem pode pagar alto. Segundo Ferreirinha, em 2003 foram emplacadas mais de 20 Ferrari no Brasil e há fila de espera por modelos que custam de US$ 330 mil a US$ 480 mil. As empresas reclamam que este mercado poderia ter crescimento mais acelerado no Brasil se não fosse a carga tributária.