Título: Combustíveis levam inflação a quase dobrar
Autor: Cássia Almeida
Fonte: O Globo, 24/11/2004, Economia, p. 33

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15) subiu para 0,63% em novembro, taxa quase o dobro da registrada em outubro, de 0,32%, informou ontem o IBGE. Os reajustes da gasolina (3,19%) e do álcool (9,59%) provocaram o salto no índice, que já acumula alta de 6,64% no ano e de 7,13% nos últimos 12 meses.

O IPCA-15, que mediu a variação de preços entre 14 de outubro e 11 de novembro, antecede o IPCA fechado do mês, usado no sistema de metas de inflação pelo governo. A alta da taxa este mês e a elevação dos núcleos do índice (que retiram as maiores e menores variações) preocuparam os analistas. Eles projetam novo aumento de juros na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), em dezembro.

¿ Todas as medidas de núcleo vieram mais salgadas, subindo para patamares próximos de 0,6%. São taxas incompatíveis com a meta de inflação estabelecida para o ano que vem (5,1%) ¿ disse o economista Elson Teles, da gestora de recursos Fides.

Para este ano, o centro da meta de 5,5% já foi ultrapassado, porém, o teto (8%) não deve ser alcançado, diz Teles. A inflação em 2004 deve ficar em 7,3%, nas suas contas.

Taxa fechada de novembro deverá ficar em 0,7%

O índice de 0,63% ficou no teto das expectativas do mercado e deve fechar novembro entre 0,7% e 0,75%. A pressão dos combustíveis pode aumentar, em vez de arrefecer como vinha acontecendo após os últimos reajustes da Petrobras.

¿ Desta vez, temos também a alta do álcool, que faz aumentar o preço da gasolina. Por isso, estamos projetando uma taxa de 0,7% este mês ¿ explicou Teles.

Este índice mais alto certamente vai levar o Banco Central a subir os juros em dezembro, na avaliação do economista e professor da PUC-Rio Luiz Roberto Cunha.

¿ Mas os números (da inflação) de dezembro, janeiro e fevereiro devem vir mais baixos. Começará a aparecer o efeito da política monetária (alta dos juros) ¿ disse Cunha.