Título: Força Nacional combaterá narcotráfico em Vitória
Autor: Carlos Orletti
Fonte: O Globo, 01/12/2004, O País, p. 10

Com 150 policiais de elite de seis estados, a Força Nacional de Segurança desembarcou no início da madrugada de ontem em Vitória para apoiar o governo capixaba no combate ao crime organizado e deve começar a ocupar pontos estratégicos na Grande Vitória a partir de amanhã. Os homens chegaram com armamento próprio e vão atuar no policiamento ostensivo na região da Grande Vitória, combatendo principalmente o tráfico de drogas.

As tropas do Exército, que estão nas ruas e nos terminais de transporte coletivo há 11 dias, vão começar a deixar o estado gradativamente. Embora chegue para substituir os soldados, a Força não vai atuar na segurança do transporte coletivo, que teve dez ônibus incendiados em quatro dias. A tarefa, desde ontem, está a cargo de uma guarda particular armada contratada pelo governo estadual.

Força está preparada para qualquer ação

A Força Nacional vai ficar submetida ao secretário estadual de Segurança e ao comandante da Polícia Militar. O coordenador da Força, tenente-coronel Aurélio Ferreira Rodrigues, disse que a unidade está armada adequadamente para qualquer tipo de enfrentamento com criminosos. Ele dividiu os 150 homens em batalhões e em três grupos de ação: divisão tática, grupo especial e choque.

São 21 oficiais e 129 sargentos do Rio Grande do Sul, Sergipe, Amazonas, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba. O Rio de Janeiro não participa porque ainda não aderiu ao Sistema Único de Segurança Pública. A tropa ficará alojada no 38 Batalhão de Infantaria, em Vila Velha.

O primeiro dia da Força no Estado foi de reuniões e estabelecimento de estratégias de atuação. A Força conta com quatro especialistas em serviço de inteligência e seis mulheres.

O secretário nacional de segurança, Luiz Fernando Corrêa, chegou a Vitória com os homens da Força Nacional. Ontem ele se reuniu com o governador Paulo Hartung e com o secretário de Segurança, Rodney Miranda. Luis Fernando disse que não é uma intervenção:

¿ A Força Nacional não é uma nova polícia, não queremos substituir polícia alguma. A Força é um programa para fixação de uma doutrina nacional de policiamento ostensivo. A mais alta patente entre os homens é a de capitão. Queremos homens de operação para apoiar porque para coordenar ninguém melhor do que os oficiais do estado para quem estamos dando apoio.

A Força Nacional não tem prazo para deixar o Espírito Santo. A decisão será do governo capixaba. Hartung defendeu a ajuda federal afirmando que o crime organizado só pode ser vencido com a união de forças:

¿ A teia criminosa ligada ao roubo de cargas e ao tráfico de drogas foi muito longe nos centros urbanos. Precisamos de muita coordenação para enfrentar e desbaratar essa estrutura criminosa no país.

O governador foi além:

¿ Já assistimos a um filme de qualidade duvidosa em outros estados e não queremos vê-lo aqui. Este estado já viveu o sofrimento da corrupção de autoridades ligadas ao crime organizado e foi capaz de se organizar e dar um basta à corrupção na administração pública.

Governador rebate críticas de ex-secretários

Em reunião no Palácio Anchieta, sede do governo capixaba, Hartung e Luiz Fernando rebateram críticas ao uso da Força Nacional feitas por dois ex-secretários nacional de segurança, Luiz Eduardo Soares e o coronel José Vicente. Luiz Eduardo disse que só o emprego da Força não vai resolver o problema. O coronel foi mais contundente, afirmando que o uso da Força é uma jogada de marketing e um fiasco antecipado.

¿ O coronel não sabe o que está acontecendo e não conhece as circunstâncias que nos levaram a pedir ajuda à Força Nacional. É uma opinião com pouco conhecimento da realidade ¿ disse Hartung.

¿ O coronel não entende o fato de um soldado do Corpo de Bombeiros estar na Força. Vamos estar em apoio a situações de risco, que podem precisar de primeiros socorros, não só na tropa, mas também na sociedade. É uma falta de conhecimento do que a Força vai fazer ¿ afirmou Luiz Fernando.