Título: Sem-terra invadem área da Petrobras na Bahia
Autor:
Fonte: O Globo, 01/12/2004, O País, p. 14

Um grupo de 65 famílias de trabalhadores rurais desempregados invadiu, no fim de semana, uma área pertencente à Petrobras no município de Madre de Deus, Região Metropolitana de Salvador. Os invasores não são vinculados a movimentos organizados de sem-terra.

A área é considerada de risco por situar-se nas proximidades dos silos de armazenamento da Refinaria Landulpho Alves e por abrigar dutos industriais. A Petrobras tentou negociar a retirada das famílias, que se dizem determinadas a ficar no local. Ontem mesmo a empresa decidiu ingressar na Justiça com pedido de reintegração de posse.

Em São Paulo, advogados ligados ao MST informaram que devem pedir ainda esta semana um hábeas-corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília, em favor do líder Wesley Mauch, um dos coordenadores do movimento no Pontal do Paranapanema, no extremo oeste do estado.

Mauch está preso desde sábado na cadeia pública de Presidente Venceslau. Ele foi condenado a um ano de prisão em regime semi-aberto por furto de madeira durante a invasão de uma fazenda da região. Para hoje, é aguardada a remoção de Mauch para o presídio semi-aberto de Presidente Prudente.

Na opinião do líder do MST no Pontal, José Rainha Júnior, a condenação de Mauch ¿envergonha a reforma agrária¿:

¿ Até quando vão ficar prendendo a gente?

Ele não acredita que Mauch tenha cometido o crime do qual é acusado.

¿ Ele possui um perfil admirável e é muito equilibrado ¿ disse Rainha.

Delegado ouve 3 suspeitos de chacina em Minas

Em Minas Gerais, o delegado Wagner Pinto, que comanda as investigações sobre a chacina de cinco sem-terra em Felisburgo, ouviu ontem mais três suspeitos de participação no crime. O crime aconteceu no último dia 20, quando cerca de 15 pessoas invadiram o acampamento do MST na fazenda Nova Alegria. Foram ouvidos, na cidade de Jequitinhonha, Wadson Teixeira de Jesus, Senilson Marcílio dos Santos e Edvan Luís dos Santos, presos no sul da Bahia na semana passada.

Segundo o delegado, a prisão temporária dos três foi expedida pela Justiça pelo fato deles terem participado, em 2002, de uma ataque ao MST na mesma fazenda.