Título: Vinda de força federal depende de pedido
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Fonte: O Globo, 01/12/2004, Rio, p. 16

O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, disse ontem, durante o encerramento da Caravana do Desarmamento, na sede da Polícia Federal no Rio, que a atuação da recém-criada Força Nacional de Segurança no estado depende de uma solicitação da governadora Rosinha Matheus. Segundo o ministro, a tropa só deve agir em casos de emergência, como uma forma de intervenção rápida.

¿ A governadora ainda não pediu. Nós temos conversado. Não é um passe de mágica ¿ disse ele. ¿ É uma avaliação que tem que ser feita pelas autoridades estaduais.

Em Brasília, ao sair de um encontro de governadores com o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, a governadora descartou a possibilidade de usar, neste momento, a Força Nacional de Segurança, que está auxiliando o governo do Espírito Santo a combater a violência.

¿ Não haverá intervenção ¿ afirmou Rosinha.

Rosinha: interdição de vias protege a população

Segundo Rosinha, no Rio há confrontos entre bandidos e a interdição de vias pela polícia é uma maneira de preservar a integridade da população.

A atuação da Força Nacional de Segurança Pública foi discutida em reunião na segunda-feira, da qual participaram Thomaz Bastos; o secretário de Segurança Pública, Marcelo Itagiba, o diretor-geral da PF, Paulo Lacerda, e o secretário nacional de Segurança Pública, Luiz Fernando Corrêa. No encontro, ficou acertado que o assunto voltará a ser discutido em reunião, ainda sem data, do Gabinete de Gestão Integrada da Segurança Pública no Rio. A intenção do ministro é reunir todas as forças e trabalhar em cooperação com as polícias Civil e Militar para combater a criminalidade.

Em visita ao Rio, onde esteve no Arsenal de Marinha, o chefe da Casa Civil, José Dirceu, disse que o problema de violência no Rio preocupa Brasília:

¿ Por estar no Rio, não quero deixar de dizer que é um problema grave e que também o presidente já nos orientou para que nos concentremos na questão da segurança pública. É um problema que não se resolve a curto prazo. Tem que ser combinado com a criação de empregos, com programas sociais.

Dirceu também ressaltou que a vinda da Força Nacional de Segurança depende um pedido do governo do estado:

¿ A orientação do presidente aos ministros da área de segurança é de dar todo o apoio aos estados.

Ontem também, Itagiba anunciou que aceitou o convite do secretário nacional de Segurança Pública, Luiz Fernando Corrêa, para que policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da PM façam o treinamento para integrar a Força Nacional de Segurança Pública.

¿ O convite é uma demonstração de que a relação entre os governos do estado e federal caminha muito bem na área de segurança, inclusive com ações integradas de inteligência entre as polícias estaduais e Federal ¿ disse o secretário.

O secretário também falou sobre o fechamento de vias expressas, como Linha Vermelha e Avenida Brasil, em decorrência de tiroteios. Para ele, as interdições não configuram um estado de emergência. Segundo Itagiba, a situação é preocupante no Espírito Santo, onde ocorrem distúrbios nas ruas.

¿ O fechamento das vias expressas não significa um estado de emergência. Ele é feito pela polícia justamente para evitar que inocentes passem naquele momento por um local onde há confronto entre traficantes ou entre policiais e traficantes. Toda vez que houver necessidade, nós vamos fechar as vias ¿ afirmou.