Título: Brasil dirá na OMC que abre mais seu mercado se barreiras caírem
Autor: Deborah Berlinck
Fonte: O Globo, 01/12/2004, Economia, p. 31

O Brasil está disposto a abrir mais seu mercado em todos os setores, inclusive em telecomunicações, transportes e setor financeiro. Mas não vai fazer isso de graça: em troca, quer a queda de barreiras contra produtos brasileiros nos mercados internacionais. Essa será a principal mensagem do governo, hoje, na Organização Mundial de Comércio (OMC), em resposta às duras cobranças feitas por grandes parceiros comerciais, como Estados Unidos, União Européia (UE) e Japão, para que o país liberalize mais o seu mercado.

¿ Vamos abrir em tudo, mas dependendo do que for oferecido para nós ¿ disse o chefe do Departamento Econômico do Itamaraty, Piragibe Tarago.

Países ricos insistem em abertura em serviços

Como acontece a cada quatro anos, os 147 países-membros da OMC estão sabatinando o Brasil. Eles entregaram ao país mais de 300 perguntas, que terão de ser respondidas hoje. Na última segunda-feira, representantes de vários países ¿ sobretudo dos EUA ¿ queixaram-se de barreiras e cobraram mudanças em vários pontos: do combate à pirataria ao fim de subsídios. Nem o setor agrícola escapou.

Os americanos levantaram dúvidas sobre a eficácia da política industrial e de promoção de exportações do Brasil. Queixaram-se ainda de que seus exportadores de produtos florestais, motocicletas e automóveis têm dificuldades com os ¿procedimentos não transparentes de licenças de importação¿. Os países riscos insistem, sobretudo, em mais abertura no setor de serviços, especialmente na área financeira (bancos) e em telecomunicações.