Título: Defesa quer nova Varig com US$ 1 bi do BNDES
Autor: Geralda Doca e Erica Ribeiro
Fonte: O Globo, 01/12/2004, Economia, p. 33

O ministro da Defesa, vice-presidente José Alencar, apresentou ontem a sindicalistas a proposta de reestruturação da Varig entregue ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que prevê a liquidação extrajudicial da empresa e a criação de uma nova companhia, com a injeção de US$ 1 bilhão do BNDES. O dinheiro financiaria os novos investidores ¿ a princípio Gol e TAM ¿ e pagaria os custos da demissão dos 11.500 empregados da Varig (5.500 são pilotos e comissários de bordo).

A Fundação Ruben Berta (FRB) perderia o controle da Varig. O maior entrave é que Gol e TAM não têm interesse na proposta.

A nova empresa seria responsável pelo fundo de pensão dos funcionários (Aerus), com passivo de R$ 1,2 bilhão, herdaria os bilhetes já vendidos pela Varig e o programa de milhagem Smiles. Haveria o compromisso de recontratar cerca de nove mil trabalhadores.

Segundo um executivo da Gol, entre os problemas estão a obrigação de a nova empresa assumir as dívidas do Aerus e os elevados juros cobrados pelo BNDES em comparação às taxas internacionais.

Os empresários alegam que a frota da Varig teria de ser modernizada. Além disso, Gol e TAM têm interesses distintos, o que poderia atrapalhar a gestão, e se recusam a usar o nome Varig. As duas empresas se preocupam com eventuais ações na Justiça por partes prejudicadas pelas dívidas da Varig, de cerca de R$ 6,6 bilhões.

Segundo a presidente do Sindicato dos Aeronautas, Graziella Baggio, Alencar chamou os sindicalistas para apresentar a proposta porque quer a opinião de todos os envolvidos.

¿ A proposta é injusta e privilegia duas companhias novas que não ajudaram no crescimento do país como a Varig. Me surpreende que um governo trabalhista queira fazer isso. Continuo no aguardo de que o bom senso prevaleça ¿ disse o presidente da Varig, Luiz Martins, que ainda não foi oficialmente informado.

Fontes ligadas à companhia afirmam que ela chegou a enviar uma nova proposta à Defesa, com a capitalização, via BNDES, de US$ 300 milhões e o encontro de contas de dívidas com o governo com créditos que a Varig teria.