Título: Lula cobra slogans de seus ministros
Autor: Cristiane Jungblut e Luiza Damé
Fonte: O Globo, 06/12/2004, O País, p. 3

Cada dia mais preocupado com a falta de uma marca que identifique seu governo com a população, como foi o Plano Real para o governo Fernando Henrique, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está exigindo que os ministros das grandes áreas do seu governo apresentem na reunião ministerial dos dias 10 e 11 slogans fortes para divulgar seus projetos a partir do ano que vem. Lula mandou outro recado aos ministros: quer mapear quem são seus aliados e inimigos para 2005 ¿ que vem chamando de o ¿ano das realizações¿ e para 2006 ¿ o ano da sucessão.

A preocupação e até a irritação do presidente com o desempenho de algumas áreas aumentaram depois das críticas de Fernando Henrique, que classificou seu governo de incompetente. Para uma melhor coordenação das ações, a estrutura de governo foi dividida em áreas, com destaque para cinco: social, desenvolvimento, infra-estrutura, justiça e defesa.

Para a reunião, Lula criou um novo formato: cada grande área do governo terá um coordenador, que apresentará os planos para o futuro. A apresentação será dividida em três partes: foco, desafios e metas.

Já o mapeamento dos aliados somente será possível após a convenção nacional do PMDB, marcada para o dia 12. Lula já avisou que pretende esperar o resultado do encontro para concluir a reforma ministerial. O presidente sabe que o PMDB está dividido, mas quer ter certeza do tamanho do partido que continuará apoiando seu governo.

¿ O presidente quer saber, a partir de agora, com quem ele conta de verdade ¿ disse um dos ministros que acompanharam o presidente nas viagens dessa semana.

Essa objetividade também está sendo aplicada no governo. Lula não quer mais discussões intermináveis nas reuniões ministeriais e sim apresentação de propostas concretas para os próximos dois anos. O chefe da Secretaria de Comunicação de Governo, Luiz Gushiken, por exemplo, foi encarregado de se reunir com os colegas da Justiça, Márcio Thomaz Bastos; da Defesa, José Alencar; e das Relações Exteriores, Celso Amorim, para discutir e consolidar as ações dessas pastas.

Já o ministro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, Jaques Wagner, reuniu-se com os colegas dos ministérios do Desenvolvimento, Agricultura, Trabalho, Reforma Agrária, Planejamento, Turismo, Fazenda e Ciência e Tecnologia, além da Secretaria de Pesca. Nesse grupo, o escolhido para falar na reunião foi o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan. Representando o conjunto da área, ele deverá repetir que a redução de impostos e de juros é essencial para acelerar o crescimento econômico.

E o secretário-geral da Presidência, Luiz Dulci, coordena os ministros da área social.

¿ A ordem é que cada área escolha uma frase que sintetize suas ações e que ajude a construir uma marca comum de governo ¿ explica um ministro.

O presidente abrirá o encontro e, em seguida, falarão os representantes do Ipea e do IBGE. Os dois apresentarão um mapa do Brasil, com números e indicadores sociais e econômicos. Em seguida, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, fará uma exposição sobre os avanços da economia. Após Palocci, os coordenadores das áreas falarão por cerca de 30 minutos cada um. O sábado será dedicado a debater os dados e planos apresentados.

¿ O presidente quer uma reunião para a frente. Não é uma reunião de simples balanço ¿ disse o ministro.

A questão dos rumos da economia tem dividido ministros, principalmente os do PT. Por isso, a apresentação do grupo do Desenvolvimento está concentrando as atenções. Furlan deverá falar sobre estabilidade econômica, política industrial, geração de empregos. O slogan desse grupo deverá ser ¿crescimento com geração de emprego e renda¿.